domingo, 25 de junho de 2017

A ZEBRA SORRIDENTE DE BAKU.

O fabuloso circo da Fórmula 1 desembarca pelo segundo ano seguido no Azerbaijão para disputar a oitava etapa da temporada 2017. O traçado de rua com 6.003 metros apresenta uma característica complexa pois possui longas retas, sendo uma delas a maior da F1 com mais de 2.200 metros mas com uma parte sinuosa, estreita e perigosa, especialmente a chamada "entrada do castelo" na qual literalmente só passa uma carro por vez.

No treino classificatório um domínio das Mercedes, com Hamilton, em uma fase explendorosa fazendo uma pole position sensacional. Porém Ferrari e Red Bull estavam próximos . A surpresa do dia foi Lance Stroll, o contestado garoto milionário conseguiu um bom oitavo lugar, ficando pela primeira vez a frente de Massa. No pós treino ficou revelado que o canadense usou o setup de Massa. Humidade que resultou no bom treino.

Na largada Hamilton se mantém na ponta sendo protegido por Bottas, o finlandês que serviria de escudeiro acaba saindo mais lento da primeira curva e tem seu compatriota Kimi Raikkonen colocando o carro na freada seguinte do lado, os dois carros se tocam, Kimi chega a tocar o muro mas se mantém na pista, já Bottas tem o pneu furado e fica com a corrida comprometida, melhor para Vettel que sai de quarto e pula para primeiro. Ainda na largada, logo após a primeira curva, Kvyat espalha na curva e vai para a área de escape, quando volta a pista, seu companheiro de equipe Carlos Sainz se assuta e acaba rodando.

Largada disputada, prenúncio de boa corrida.


A corrida até a volta 12 só teve de emoção a disputa entre Verstappen e Pérez pela quarta posição, e na volta seguinte Max Verstappen abandona com problemas de motor e quando a corrida caminhava para ser monótona, o safety car é acionado devido ao abandono de Kvyat, que ficou parado em um local perigoso.

Todos aproveitaram e fizeram as suas paradas de pit stop. Bom para Bottas que pode recuperar a volta. Na relargada, Perez ameaça Vettel que se segura como pode, a situação só melhora pois ainda na metade da volta, por conta de detritos o safety-car é acionado novamente.

Na volta 19 em que o safety car vai se recolher, Hamilton diminuiu demais a velocidade e Vettel acaba acertando o carro de Hamilton, de leve mas acertou e danificou a asa dianteira. Intencionalmente, ainda sob o regime de safety car,  Vettel dá um toque proposital no carro de Hamilton. O sururu entre os dois foi formado. 

Vettel se revolta com Hamilton, a reação do alemão o fez ser punido.


Na volta 20 a relargada, Vettel é duplamente ameaçado, por fora tem a ameaça de Pérez, por dentro o carro de Massa, o alemão com muito esforço consegue se manter a frente de ambos. Quando Pérez perde velocidade pois fica para trás de Vettel e Massa, acaba tendo o carro de Ocon, seu companheiro de equipe do seu lado, ao invés de ceder a posição, os dois duelam, se tocam e batem, atrás deles outros carros acabam se tocando, inclusive Raikkonen que tem o pneu traseiro furado.

Na volta 22 a bandeira vermelha é acionada para recolherem os detritos da pista. A situação de Hamilton e Vettel fica na expectativa por conta do resultado da investigação dos comissários. 

No giro 24 uma nova relargada, dessa vez Vettel sai mais colado em Hamilton, mais atrás Ricciardo pula de sexto para terceiro. Massa vai do céu ao inferno, com problemas de suspensão o piloto brasileiro perde ritmo e tem a corrida severamente comprometida.

Na passagem 25, Hulkenberg, que estava em quinto, bate e abandona. Após a metade corrida os dez primeiros eram: Hamilton, Vettel, Ricciardo, Stroll, Magnussen, Alonso, sainz, Ocon, Bottas e Grosjean.

Volta 31 Hamilton começa a ter problemas com o protetor da cabeça e para evitar que o artefato voe, segura o mesmo na reta, após duas voltas assim a direção de prova, percebendo o risco manda Hamilton entrar nos pits. ao mesmo tempo a direção de prova manda Vettel cumprir uma punição de dez segundos. Hamilton entra nos pits e volta em oitavo. Na volta 34 é a vez de Vettel cumprir a punição, e quando volta a pista, volta imediatamente a frente do inglês. Quem sorri mais do que nunca é Ricciardo que está confortavelmente em primeiro.

Vettel e Hamilton disputam entre eles e com os outros as posiçãos no grid, qualquer ponto é importante na disputa. Os dois chegam no pelotão que tem Grosjean, Bottas e Ocon.

Na passagem 41, Vettel cola em Ocon mas não ultrapassa, Hamilton se aproveita e cola em ambos, Vettel na volta seguinte arrisca um pouco e passa Ocon, colocando o francês entre ambos. 

Quem se destaca na corrida no momento é Bottas, fazendo sempre as voltas mais rápidas da prova de maneira consecutiva, abrindo vantagem para Vettel.

Faltando oito voltas para o fim, Ricciardo se mantém na ponta com cinco segundos de folga para Stroll, que possuia oito segundos para Bottas. Para Vettel e Hamilton a disputa é pelo pódio, mas para Bottas havia a chance real de ser segundo lugar.

Faltando seis voltas Vettel acelera tudo que pode e se aproxima de Bottas, e de quebra se afasta de Hamilton. Bottas por sua vez se aproxima de Stroll. A corrida entra na expectativa por um desfecho emocionante. Mais atrás Alonso em nono vive um pequeno drama pois o carro apresenta problemas e o piloto precisa, e muito, dos pontos.

Duas voltas para o fim é a vez de Hamilton se aproximar de Vettel. Na última volta é a vez de Bottas se aproximar de Stroll. Na última reta, Bottas se aproxima basante e no limite da linha de chegada ultrapassa Bottas. O canadense de qualquer maneira vai ao pódio mas deveria ter brigado mais pela posição nesse finzinho. 

Stroll perde a posição mas ainda assim faz história.

Ricciardo, que venceu passou quase desapercebido devido as disputas. Uma corrida confusa, brigada, controversa, divertida e emocionante até a linha de chegada, literalmente.

Ricciardo no belo cenário de Baku

O sorriso é evidente até debaixo do capacete.



Abaixo a nota dada aos pilotos pelo desempenho na prova:


1o. Ricciardo - 8,0
Errou na qualificação, teve problemas no início da corrida mas soube ter cabeça para nãos e envolver em nenhuma confusão e de quebra fez a ultrapassagem dupla mais bonita da corrida, e que no fim valeu a vitória. Se Max Verstappen é um showman, é com Ricciardo que a Red Bull se garante com os resultados. Boa vitória que dá um ânimo a equipe para o resto da temporada.

2o  Bottas - 8,5
Ficar atrás de Hamilton na qualificação não foi um demérito mas largar para lhe proteger e depois de se envolver com Kimi em um acidente desnecessário complicou a sua corrida, levou volta mas graças ao faty car pode se recuperar e voltar a disputa. O fato de ter acreditado até o fim mostrou seu valor como piloto e conseguiu um fantástico segundo lugar.

3o. Stroll - 8,5
Teria levado um nove se não tivesse perdido a segunda posição. Treinou muito bem, não se envolveu em nenhum acidente e foi seguro, talvez no fim tivesse de ter ousado um pouco mais para se amnter a frente mas como o pódio já era seguro talvez a intenção dele fosse realmente de não se comprometer e nem arriscar nada. De um início pífio, até mesmo vergonhoso, Stroll entra para a história como o novato mais jovem a conseguir um pódio na F1, e por isso é o meu piloto do dia.

4o. Vettel - 6,5
Não se qualificou muito bem mas na largada soube capitalizar as posições, sua perda de cabeça resultou em uma punição que literalmente o fez perder a corrida. Pode alegar que a punição apesar de justa foi exagerada mas o fato é que Vettel jogou fora a vitória por imprudência. Para os torcedores a rivalidade entre Vettel e Hamilton ganha um contorno ainda mais emocionante de se acompanhar pois parece que o respeito acabou.

5o. Hamilton - 7,5
Fez tudo certo na qualificação e fazia na corrida até diminuir demais a velocidade no safety car e ser levemente acertado por Vettel, o efeito cascata do ncidente resultou na bandeira vermelha e na proteção de cabeça mal colocada que lhe roubou a vitória. Hamilton errou mas seu erro não justifica a ação de Vettel, mas o fato que ali sua chance de vitória acabou.

6o. Ocon - 7,0
Mais uma excelente prova, e mais uma se estranhando com Pérez. Foi para o fim do pelotão mas foi se recuperando, capitalizando as posições e chegou em sexto, uma excelente posição. Garoto promissor.

7o Magnussen - 7,0
Muito rápido com a Haas, ficou sempre a frente de Grosjean e conseguiu um bom resultado para o campeonato e para a equipe. Foi discreto na corrida mas sempre no pelotão da frente.

8o. Sainz - 6,0
Teve a corrida complicada na largada quando se assutou demais com o carro de Kvyat, mas aos poucos foi se recuperando e chegou aos pontos.

9o. Alonso - 7,5
O espanhol sofreu tantas punições antes da corrida por conta de troca de peças que largaria em último, mas como sempre seu talento acima da média o fez galgar as posições e chegar aos pontos. O carro é sofrível mas Alonso consegue tirar leite de pedra e chegou aos pontos pela primeira vez dele e da Mclaren na temporada. O carro é do mesmo nível dos carros da Sauber que também são ruins.

10o. Wehrlein - 6,5
Capitalizou as posições graças aos acidentes e abandonos e no fim, foi na pista que disputou com Ericsson, seu companheiro de equipe o ponto, e mais um vez o alemão prevaleceu. É o tipo de piloto que já faz por merecer um carro melhor.

Daqui a duas semanas o mundo da F1 desembarca na Áustria, no sensacional circuito de Red Bull Ring.

sexta-feira, 16 de junho de 2017

TEMPLOS SAGRADOS DO AUTOMOBILISMO - MAGNY COURS

O circuito de Nevers Magny-Cours recebe esse nome pois se localiza próximo as cidades de Nevers e a de Magny Cours. O autódromo com 90 mil lugares, é um circuito extremamente seletivo, possui uma longa "reta curva" (curva pouco acentuada que se faz de pé embaixo) com uma freada fortíssima em uma curva bem fechada no fim dessa reta. Este acaba sendo o principal ponto de ultrapassagem da pista. O traçado com curvas de alta, baixa e média velocidade tem também em seu setor final uma complicada chicane, que às vezes causa acidentes. Os 4.411 metros do circuito reservam pequenas armadilhas em cada curva.

Em 1960 a pista foi idealizada e construída por Jean Bernigaudem, a princípio criada para ser preparatória para jovens aspirantes a piloto, onde os quais François Cevert e Jacques Laffite emergiram.

Magny Cours entrou na F1 no ano de 1991 e de maneira interrupta esteve presente até o ano de 2008. O primeiro a vencer na pista foi o inglês Nigel Mansell a bordo de sua Williams-Renault, o leão repetiria o feito em 1992, ano de seu título mundial.

Foto de Mansell no GP francês de 1992.

Como não poderia deixar de ser, Alan Prost, em seu ano de despedida, também venceu no circuito também pela Williams em 1993, fazendo a festa da torcida local.

Prost comemorando a sua última vitória em solo francês, com um "que" de provocação.


Nenhum outro piloto na história da F1 obteve recordes tão expressivos quanto Michael Schumacher. O alemão venceu absurdas oito vezes no mesmo circuito. Nos anos de 1994, 1995, 1997, 1998, 2001, 2002, 2004 e 2006 esteve no degrau mais alto do pódio tendo esse recorde quase como imbatível atualmente. Para efeito de comparação Senna venceu seis vezes em um mesmo circuito, no caso Mônaco. Fosse com estratégia de uma parada ou quatro paradas, Schumacher conseguiu sempre se estabelecer na liderança da prova para alcançar esse recorde.

Schumacher ultrapassando Frentzen em 1999.


A Alemanha de Schumacher também viu Heinz-Harald Frentzen e o irmão caçula do mito, Ralf Schumacher também chegarem ao lugar mais alto do pódio. A Alemanha também é a maior vencedora do Grande Prêmio da França, estando a frente inclusive da própria França.

Um dos números que chama a atenção em Magny Cours é o de volta mais rápida na prova. Schumacher detém por cinco vezes esse número, o que é normal dado ao seu retrospecto formidável. O que chama a atenção é que o escocês, David Coulthard, também obteve esse número, apesar de ter vencido apenas uma única vez no circuito no ano 2000, pilotando pela Mclaren.

Em 2008, o brasileiro Felipe Massa, pilotando a sua Ferrari, venceu na última prova disputada na França, aliás  a Ferrari fez dobradinha com Raikkonen em segundo.O então piloto da Ferrari foi o segundo piloto brasileiro a vencer na França, mas o único a triunfar em Magny Cours. Naquele momento da temporada, Massa obtinha a liderança do campeonato mundial, porém o desfecho todos nós sabemos. Outro fato que chama a atenção nessa corrida foi a disputa pelo terceiro lugar entre Trulli e Kovalainen. O italiano, soube resistir bravamente as investidas do finlandês e levou a sua Toyota a um espetacular terceiro lugar.

A última vitória de Massa na F1 foi na França.


Depois disso a pista só recebe categorias menores como a Porsche Cup, corridas de Endurance e diversos campeonatos de motociclismo. Magny Cours é uma pista que deixa saudades pois retrata um passado mais antigo da F1, onde os circuitos eram mais desafiadores, estreitos, sinuosos mas que ofereciam emoção devido a pouca pressão aerodinâmica que existia. Pelo menos ano que vem, a França depois de 9 anos voltará a ter uma etapa da F1, pena que em Paul Ricard.

Imagens da Porsche Cup em Magny Cours.

domingo, 11 de junho de 2017

LEWIS, O NOVO REI DO NORTE.

A quinquagésima corrida canadense foi coberta de expectativa pela disputa entre Mercedes e Ferrari, principalmente a batalha pelo título entre Hamilton e Vettel. O traçado do Circuito Gilles Villeneuve que atualmente recebe a etapa da F1 é tido como traiçoeiro, com freadas fortes e muros muito próximos a pista. O circuito tem a famosa "curva dos campeões", a última curva que é feita após uma chincane, nessa curva vários campeões mundiais foram pegos de surpresa e bateram.

No treino classificatório, um momento histórico para comemorar a marca histórica do circuito. Hamilton com uma volta perfeita, quebra o recorde da pista e conquista a sua sexagésima quinta pole position na carreira, igualando a marca de seu ídolo Ayrton Senna. Como recompensa, o Instituto Ayrton Senna deu um dos capacetes do piloto brasileiro a Lewis que ficou extremamente grato e emocionado. Se o Canadá foi palco da primeira vitória de Lewis na F1, nesse momento ganhou ainda mais o coração do piloto, para coroar o fim de semana dos sonhos só faltaria a vitória.


A reverência e carinho de Hamilton ao ídolo Senna ao receber o capacete.

Ainda sobre a qualificação, Vettel conseguiu um bom segundo lugar se colocando entre as Mercedes. Felipe Massa conquistou o sétimo tempo e a expectativa do brasileiro era de uma corrida boa. Alonso apesar do bom Q1, teve problemas no Q2 e não conseguiu ficar entre os dez primeiros. O piloto da casa, o jovem Lance Stroll marcou um modesto décimo quarto tempo.

A corrida canadense sempre foi palco de provas contubardas e de surpresas históricas, vários pilotos conquistaram nessa prova a sua primeira vitória na carreira, pilotos tais como Gilles Villeneuve, Jean Alesi, Kubica e Ricciardo. O safety car constantemente é presença na prova devido aos fortes acidentes que acontecem.

Antes da largada, o glorioso Kvyat não consegue sair do lugar e é obrigado a largar dos boxes. Já na largada propriamente dita, Hamilton se mantém na ponta, Vettel pressionado pelos dois lados, por Verstappen e Bottas, acaba recuando e é tocado na sua asa dianteira por Verstappen, complicando seu início de prova. Felipe Massa que vinha disputando posições acaba abalrroado pelo carro de Sainz Jr. que perdeu completamente o controle de seu carro e atingiu o carro do brasileiro. Grosjean também foi vitimado pelo acidente e teve a corrida comprometida. O safety car acaba sendo acionado.


Na imagem é possível ver Vettel sendo "encaixotado".


A relargada é dada na volta quatro, Vettel com o carro muito instável devido a asa danificada, começa a perder ritmo, na volta seis o piloto da Ferrari para nos boxes. Quem se aproveita muito bem disso é Pérez, que conquista a posição de Massa na largada, passando Raikkonen na relargada e ganha a posição de Vettel após a parada do alemão e fica em quinto.

Na volta onze os torcedores de Max Verstappen ficam inconsoláveis ao verem o carro do holandês voador parar o carro com problemas. O virtual safety car é acionado, o que é ruim para Vettel, que poderia colar no pelotão, se o safety car convencional fosse acionado.

Na volta catorze a corrida recomeça e poucas voltas depois as paradas de pit stop são feitas. Raikkonen puxa o pelotão da frente, nas voltas seguintes param Ricciardo e Pérez. Riccardo fica a frente desse pelotão e vai garantindo seu lugar ao pódio.

Vettel, em uma situação difícil começa a escalar o pelotão, passando por Vandoorne, Kvyat, Hulkenberg e Magnussen. O alemão se coloca nos pontos mas ainda muito atrás dos seus rivais diretos pelo pódio, fora o fato que Sebastian Ocon, fazendo uma corrida brilhante vai se colocando surpreendentemente entre os primeiros colcoados, com direito a segurar a pressão de Bottas.

Após trinta e duas, Lewis Hamilton faz o seu pit stop, sem nenhum problema e ruma à vitória.

Na volta 42, Raikkonen para nos pits de maneira surpreedente, bem mais a frente, na volta 50 é a vez de Vettel fazer a sua segunda parada. A estratégia da Ferrari é o tudo ou nada pelo pódio.

Na volta 52, Vettel faz a melhor volta da prova mas ainda está muito longe do pelotão. Ocon pelo rádio pede a equipe para que Pérez abra caminho, pois ele teria condições de passar Ricciardo. É a tensão de se tornar alça de mira das Ferrari. Sérgio Pérez não aceita o pedido e se mantéma  frente, resistindo ao companehiro de equipe.

No giro 62, já na reta final da corrida, Raikkonen erra a entrada da reta principal com problemas de freios (será?) e facilita a vida de Vettel. O alemão duas voltas depois consegue chegar no pelotão e de maneira agressiva ultrapassa Ocon em uma bela manobra. A teimosia de Pérez custou possivelmente um pódio a Force India. Vettel erra no miolo do circuito mas se mantém a frente de Ocon e tem de se reaproximar de Pérez faltando três voltas para o fim da prova. Quem agradece a confusão é Ricciardo que consegue escapar da confusão e abre um diferença suficiente para escapar.

Faltando duas voltas, Vettel passa Pérez, Ocon se aproxima de seu companheiro e tenta ultrapassar seu companheiro de equipe mas sem sucesso. Falando em falta de sucesso, faltando apenas duas voltas para o fim, Alonso que estava em décimo tem uma quebra de motor e abandona a corrida, muito próximo de marcar os primeiros pontos na temporada. Um dos momentos mais inusitados da corrida foi o fato de Alonso sair do carro e ir, literalmente, para a galera. O espanhol vai se divertindo com a sua tragédia.

Onde está Alonso?


Hamilton cruza em primeiro diminui, a diferença nos pontos de 25 para 12 em relação a Vettel no campeonato, Bottas é o segundo, completando a dobradinha da Mercedes, e em terceiro Ricciardo com uma estratégia conservadora mas eficiente.

A comemoração de Lewis é inspirada por Senna.


Abaixo as notas dos pilotos pelo seu desempenho na etapa canadense:

1o. Hamilton - 10,0
Fez um pole position fantástica, largou bem e fez a volta mais rápida da corrida. O inglês se recoloca na disputa pelo título e é o segundo maior vencedor de Montreal com seis triunfos, um a menos do que Schumacher. 

2o. Bottas - 8,0
Não fez nem sombra na qualificação para Hamilton e Vettel mas largou bem e conseguiu, com a ajuda de Verstappen, complicar a largada de Vettel. De mais, só levou o carro até o fim sem problemas.

3o. Ricciardo - 8,0
O australiano sorridente com uma estratégia conservadora de colocar pneus macios conseguiu no finzinho da corrida escapar do assédio da Ferrari de Vettel.

4o. Vettel - 7,5
Fez uma boa qualificação, mas o toque de Verstappen na largada complicou demais a sua corrida. Vale ressaltar que Vettel bobeou na largada, deixando os dois lados abertos, ficando encaixotado no fim da reta. Com muito empenho e arrojo conseguiu minimizar o prejuízo fechando o dia em quarto.

5o. Pérez - 7,5
Fez uma excelente largada e chegou em uma excelente posição, porém não pensou no bem da equipe que poderia sim, chegar ao pódio com Ocon. Foi herói e vilão ao mesmo tempo

6o. Ocon - 8,0
A figura da corrida foi o francês Ocon, geralmente discreto nas provas mas sempre eficiente, cumpriu seu papel mais uma vez e é uma promessa para o futuro. Tentou passar Pérez mas o companheiro jogou pesado para evitar a ultrapassagem, porém sai da corrida fortalecido pois apesar de estreante na categoria se mostrou capaz de andar com os melhores a frente.


7o.Raikkonen - 6,5
Ainda na segunda volta errou sozinho e foi ultrapassado por Pérez, depois no meio da prova ficou agarrado atrás do pelotão de Ricciardo, Pérez e Ocon. Tinha condições de conseguir passar os três, sendo mais rápido com os pneus novos da segunda parada, porém errou sozinho e depois passou a ter problemas de freios. O finlandês está devendo e muito esse ano.


8o. Hulkenberg - 7,0
Mais uma vez o incrível Hulk se mostrou um piloto extremanete talentoso, soube levar o carro aos pontos com a modesta Renault. Merecia um carro vencedor pois tinha potencial de ser campeão mundial.

9o. Stroll - 6,5
Ninguém saiu mais feliz de Montreal do que Lance Stroll, o canadense fez seus primeiros pontos na categoria, justamente no GP de sua casa. Ainda deve muito, principalmente nas qualificações mas em ritmo de corrida, nessa etapa, se mostrou um piloto razoável.

10o. Grosjean - 6,0
Com um misto de sorte e azar, o francês conseguiu se recuperar na prova graças aos acidentes e quebras e marcar um pontinho.

terça-feira, 6 de junho de 2017

TEMPLOS SAGRADOS DO AUTOMOBILISMO - PAUL RICARD

         A série Templos Sagrados do Automobilismo ruma novamente ao velho continente, mais precisamente à terra onde nasceram os conceitos de Liberdade, Igualdade e Fraternidade, a França. Vários circuitos franceses foram importantes para o automobilismo: a grandiosa La Sarthe, onde se corre a famosa 24 Horas de Le Mans, o estreito e sinuoso traçado de rua de Pau, o lendário Rouen de Le Essarts que fazia parte dos primórdios da F1, e outros como Dijon Prenois e Charade que também fizeram parte da história da categoria, porém de maneira muito rápida. Mas entre os circuitos franceses na F1 podemos destacar Paul Ricard e Magny-Cours como os principais. Nesse post falaremos primeiramente de Paul Ricard.

O circuito de 3.813 metros se localiza em Le Castellet, próximo a cidade de Marselha. A pista é também chamada de Le Castellet por causa disso. O traçado é composto por longas retas que são alternadas com curvas de média e baixa velocidade. A F1 disputou a sua primeira corrida nesse circuito em 1971 e de maneira intermitente esteve presente até 1990. 

O primeiro piloto a vencer pela F1 em Paul Ricard foi o lendário tri-campeão Jackie Stewart, pilotando a Tyrrel-Ford. Stewart frustou os franceses que até o último segundo acreditavam que François Cevert pudesse ultrapassar o companheiro de equipe.


Na imagem está a Tyrrel azul de Stewart, um carro diferente até para o seu tempo.

Os franceses só comemorariam uma vitória de um piloto local em 1982 com René Arnoux, aliás como comemorariam! Os quatro primeiros colocados eram franceses, na ordem de chegada: Arnoux, Prost, Pironi e Tambay. Um feito jamais alcançado na categoria novamente por nenhum país. E e quebra Arnoux era piloto da Renault, uma montadora francesa.


A primeira fila totalmente francesa nesse GP histórico.


O Brasil esteve representado no ponto mais alto do pódio em 1985 com o brasileiro Nelson Piquet, a bordo de sua Brabham. Piquet apesar de ter se qualificado apenas em quinto soube ganhar posições no braço ainda no início da etapa, chegando à frente do pole position Keke Rosberg. A Brabham teria nesse dia a sua última vitória na F1.

A última vitória da Brabham com Piquet ao volante.

          O leão Nigel Mansell foi um dos destaques de Paul Ricard. O inglês venceu por dois anos seguidos (86 e 87). Na corrida de 86, piloto da Williams-Honda disputou acirradamente a vitória com Alain Prost, retomando do francês a liderança apenas ao fim da prova. Em 1987, o inglês teve um embate poderoso contra Nelson Piquet, então companheiro de equipe na Williams. 

Vários grandes nomes da F1, além dos citados acima, venceram no circuito: James Hunt, Niki Lauda, Ronnie Peterson e Alan Jones, mas nenhum, nenhum mesmo, foi tão dominante quanto Alan Prost com suas quatro vitórias e seus oito pódios. De 1982 até 1990 (exceto em 1984, pois não houve corrida). Prost, apelidado de "Professor", sempre esteve nos pódios na etapa francesa. Em 1983, 1988, 1989 e 1990 o professor venceu na pista, sendo o maior ganhador do circuito. Além de seu notório talento, o francês soube tirar proveito do fator casa para ter esse retrospecto tão vitorioso. 


Prost, a lenda francesa sendo soberano em seu reino.

A etapa de 1990, apesar do desfecho favorável ao francês teve como grande destaque o excelente rendimento da Leyton-House. Maurício Gugelmim e Ivan Capelli com uma estratégia ousada pularam à frente de Prost e Senna. Gugelmin acabou abandonando no fim com problemas, mas Capelli levou heroicamente seu carro até o fim e cruzou a linha de chegada em segundo, poucos segundos à frente de Senna que fechou o pódio. Aliás é importante dizer que Senna nunca venceu na França, em nenhum dos circuitos que disputou.  

Quase que a Leyton-House faz uma zebra histórica na despedida de Paul Ricard.


A F1, depois de 1990, migrou para Magny-Cours e o circuito de Paul Ricard ficou restrito à disputa de outras categorias como Fórmula Renault, Gran Turismo, Truck e de motovelocidade, porém os corações dos torcedores franceses sempre estiveram vazios sem a presença desse belo circuito na F1.

Recentemente a F1 anunciou, para o ano de 2018, o retorno de Paul Ricard ao calendário da categoria máxima do automobilismo, o que significa também o retorno da França na F1. Com certeza, a influência da Renault na categoria deve ter pesado nessa decisão, mas o fato é que a F1 e a França só têm a ganhar com essa decisão. 


No link abaixo, as notícias sobre a volta de Paul Ricard (e da França) a F1.

http://grandepremio.uol.com.br/f1/noticias/de-volta-a-f1-em-2018-circuito-de-paul-ricard-define-tracado-e-espera-gp-da-franca-no-fim-de-agosto

           No próximo post iremos discorrer um pouco da história de Magny Cours.

TEMPLOS SAGRADOS DO AUTOMOBILISMO - THE GLEN

O post sobre TEMPLOS SAGRADOS DO AUTOMOBILISMO continua em sua passagem na América, falando de um dos circuitos mais tradicionais dos EUA e que fez uma bela história na F1, principalmente nas décadas de 60 e 70: Watkins Glen.

O circuito, que atualmente recebe corridas da Nascar, Indy e American Series tem dois traçados. O mais curto só é utilizado pela Nascar, já o maior é utilizado pela Indy, e foi o mesmo utilizado pela F1, tendo 5,4 km de extensão. Fica em Nova York e é apelidado de "The Glen", um diminutivo carinhoso para a pista. A região onde fica atualmente a pista já era utilizada como circuito de terra para disputa de corridas, mas em 1956 foi construído o autódromo para a realização de corridas de mais prestígio. Nesse cenário, a F1 desembarcou em 1961 na pista e por lá permaneceu por duas  décadas. Nesse tempo, Watkins Glen viu vitórias, conquistas e alegrias, mas também viu morte, tristeza e derrotas.


Largada da Nascar em Watkins Glen, palco tradicional da Nascar.


Em 1961, na primeira prova em Watkins Glen, o então atual campeão da categoria e piloto da casa, Phil Hill, não pôde correr, pois na corrida anterior em Monza, seu companheiro de equipe, o alemão Wolfang Von Trips morreu em uma forte batida e alguns espectadores também foram vitimados. Por esse motivo, a Ferrari desistiu de correr na última corrida do ano, por conta do luto. À parte de toda essa história triste, Innes Ireland venceu pilotando a sua Lotus. Foi a única vitória de Ireland na carreira.

Innes Ireland recebendo seu troféu de vencedor do GP inaugural de Watkins Glen.

Em 1962, um dos principais nomes da pista, Jim Clark, venceu a primeira dos três triunfos que teria,também pilotando pela Lotus. Clark venceu em 62, 66 e 67, 

          Outro piloto digno de nota pela façanha de vencer três vezes consecutivas na pista é o inglês Graham Hill, pois de 63 a 65 o piloto da BRM venceu sem dar chances aos adversários.


Nem só de Mônaco viveu Graham Hill.

Em 1970 o Brasil conquistou a sua única vitória no circuito e, talvez, uma das mais bonitas da história com Emerson Fittipaldi. Na corrida anterior, o piloto JochenRindt, companheiro de equipe de Emerson, acidentou-se fatalmente durante os treinos do GP de Monza. A morte de Rindt poderia significar a perda de um provável título. Com duas corridas a menos, a Lotus precisava evitar que Jackei Ickx, da Ferrari, descontasse a diferença e fosse o campeão. Na prova decisiva, Emerson foi brilhante e venceu. Ickx, que precisava vencer para ser campeão, foi apenas o quarto. A F1, pela primeira vez na história viu um campeão póstumo, uma justiça divina a quem já tinha conquistado cinco vitórias na temporada. Quis o destino que esse título póstumo fosse no palco onde Rindt ganhou na F1 pela primeira vez no anterior, Watkins Glen.

A primeira vitória de Emerson Fittipaldi na F1.
A década de 70 se mostrou particulamente perigosa para a F1, devido ao efeito solo que se desenvolvia. O circuito de Watkins Glen já se mostrava um tanto quanto perigoso para os pilotos, mas as corridas continuaram. Em 1973, o piloto francês da Tyrrel, François Cevert, acidentou-se gravemente nos treinos na pista e acabou morrendo. Seu companheiro de equipe Jackie Stewart ficou chocado. Cevert havia ganho a prova de 1971 e Stewart a de 72, mas o peso da tragédia evitou que a equipe disputasse a corrida de 73, que foi vencida por Ronnie Peterson.


A triste imagem do acidente de Cevert no GP de 1973.

Em 1974, o piloto austríaco da Surtees, Helmuth Koiningg, sofreu na sétima volta uma quebra na suspensão e acabou batendo forte. O acidente acabou por se tornar fatal. Com apenas 25 anos o piloto cheio de pretensões teve seus sonhos abreviados e, para piorar, o acidente ressuscitava o trauma do ano anterior, com a morte de Cevert. Medidas eram necessárias para acabar com os acidentes fatais.

        Depois das tragédias, a pista sofreu alterações, ganhou uma chicane na parte dos esses e o traçado foi alargado. As corridas continuaram até 1980.A última foi vencida por Alan Jones, a prova de seu título. Com dívidas, as equipes de F1e a FIA retiraram a pista do calendário e privilegiaram, apartir daí, os circuitos de rua nos EUA (como falado no post sobre Long Beach).

O carisma da pista, a localização perto de um gigantesco centro urbano e a simpatia de pilotos fazem com que Watkins Glen seja uma pista muito querida. O próprio diretor técnico da F1, Charles Whiting em março do ano passado disse que “Watkins Glen é um maravilhoso circuito" e que a pista tem chances de voltar ao calendário da F1, ainda mais com os consecutivos fracassos de público em Austin.

O circuito, de uma história própria, não precisa da F1 para existir e sobreviver graças as outras categorias, mas, em compensação, imagine o que a F1 e a pista ganhariam com esse retorno? Quem sabe a nova F1 não passe a olhar com carinho para a história e busque pistas como Watkins Glen para retomar a sua identidade e identificação com o público.


AUTOMOBILISMO VIRTUAL - SONHOS E COMPETIÇÃO.

Com o advento da internet, o mundo conheceu uma verdadeira revolução no modo de se relacionar entre as pessoas. O contato não precisava ser ...