O
post sobre TEMPLOS SAGRADOS DO AUTOMOBILISMO continua em sua passagem na
América, falando de um dos circuitos mais tradicionais dos EUA e que fez uma
bela história na F1, principalmente nas décadas de 60 e 70: Watkins Glen.
O
circuito, que atualmente recebe corridas da Nascar, Indy e American Series tem
dois traçados. O mais curto só é utilizado pela Nascar, já o maior é utilizado
pela Indy, e foi o mesmo utilizado pela F1, tendo 5,4 km de extensão. Fica em
Nova York e é apelidado de "The Glen", um diminutivo carinhoso para a
pista. A região onde fica atualmente a pista já era utilizada como circuito de
terra para disputa de corridas, mas em 1956 foi construído o autódromo para a
realização de corridas de mais prestígio. Nesse cenário, a F1 desembarcou em
1961 na pista e por lá permaneceu por duas
décadas. Nesse tempo, Watkins Glen viu vitórias, conquistas e alegrias,
mas também viu morte, tristeza e derrotas.
Largada da Nascar em Watkins Glen, palco tradicional da Nascar. |
Em
1961, na primeira prova em Watkins Glen, o então atual campeão da categoria e
piloto da casa, Phil Hill, não pôde correr, pois na corrida anterior em Monza,
seu companheiro de equipe, o alemão Wolfang Von Trips morreu em uma forte
batida e alguns espectadores também foram vitimados. Por esse motivo, a Ferrari
desistiu de correr na última corrida do ano, por conta do luto. À parte de toda
essa história triste, Innes Ireland venceu pilotando a sua Lotus. Foi a única
vitória de Ireland na carreira.
Innes Ireland recebendo seu troféu de vencedor do GP inaugural de Watkins Glen. |
Em
1962, um dos principais nomes da pista, Jim Clark, venceu a primeira dos três
triunfos que teria,também pilotando pela Lotus. Clark venceu em 62, 66 e
67,
Outro
piloto digno de nota pela façanha de vencer três vezes consecutivas na pista é
o inglês Graham Hill, pois de 63 a 65 o piloto da BRM venceu sem dar chances
aos adversários.
Nem só de Mônaco viveu Graham Hill. |
Em
1970 o Brasil conquistou a sua única vitória no circuito e, talvez, uma das
mais bonitas da história com Emerson Fittipaldi. Na corrida anterior, o piloto
JochenRindt, companheiro de equipe de Emerson, acidentou-se fatalmente durante
os treinos do GP de Monza. A morte de Rindt poderia significar a perda de um
provável título. Com duas corridas a menos, a Lotus precisava evitar que Jackei
Ickx, da Ferrari, descontasse a diferença e fosse o campeão. Na prova decisiva,
Emerson foi brilhante e venceu. Ickx, que precisava vencer para ser campeão,
foi apenas o quarto. A F1, pela primeira vez na história viu um campeão
póstumo, uma justiça divina a quem já tinha conquistado cinco vitórias na
temporada. Quis o destino que esse título póstumo fosse no palco onde Rindt
ganhou na F1 pela primeira vez no anterior, Watkins Glen.
A primeira vitória de Emerson Fittipaldi na F1. |
A
década de 70 se mostrou particulamente perigosa para a F1, devido ao efeito
solo que se desenvolvia. O circuito de Watkins Glen já se mostrava um tanto
quanto perigoso para os pilotos, mas as corridas continuaram. Em 1973, o piloto
francês da Tyrrel, François Cevert, acidentou-se gravemente nos treinos na
pista e acabou morrendo. Seu companheiro de equipe Jackie Stewart ficou
chocado. Cevert havia ganho a prova de 1971 e Stewart a de 72, mas o peso da
tragédia evitou que a equipe disputasse a corrida de 73, que foi vencida por
Ronnie Peterson.
A triste imagem do acidente de Cevert no GP de 1973. |
Em
1974, o piloto austríaco da Surtees, Helmuth Koiningg, sofreu na sétima volta
uma quebra na suspensão e acabou batendo forte. O acidente acabou por se tornar
fatal. Com apenas 25 anos o piloto cheio de pretensões teve seus sonhos
abreviados e, para piorar, o acidente ressuscitava o trauma do ano anterior,
com a morte de Cevert. Medidas eram necessárias para acabar com os acidentes
fatais.
Depois
das tragédias, a pista sofreu alterações, ganhou uma chicane na parte dos esses e o traçado foi alargado. As
corridas continuaram até 1980.A última foi vencida por Alan Jones, a prova de
seu título. Com dívidas, as equipes de F1e a FIA retiraram a pista do
calendário e privilegiaram, apartir daí, os circuitos de rua nos EUA (como
falado no post sobre Long Beach).
O
carisma da pista, a localização perto de um gigantesco centro urbano e a
simpatia de pilotos fazem com que Watkins Glen seja uma pista muito querida. O
próprio diretor técnico da F1, Charles Whiting em março do ano passado disse
que “Watkins Glen é um maravilhoso circuito" e que a pista tem chances de
voltar ao calendário da F1, ainda mais com os consecutivos fracassos de público
em Austin.
O
circuito, de uma história própria, não precisa da F1 para existir e sobreviver
graças as outras categorias, mas, em compensação, imagine o que a F1 e a pista
ganhariam com esse retorno? Quem sabe a nova F1 não passe a olhar com carinho
para a história e busque pistas como Watkins Glen para retomar a sua identidade
e identificação com o público.
Nenhum comentário:
Postar um comentário