terça-feira, 6 de junho de 2017

TEMPLOS SAGRADOS DO AUTOMOBILISMO - THE GLEN

O post sobre TEMPLOS SAGRADOS DO AUTOMOBILISMO continua em sua passagem na América, falando de um dos circuitos mais tradicionais dos EUA e que fez uma bela história na F1, principalmente nas décadas de 60 e 70: Watkins Glen.

O circuito, que atualmente recebe corridas da Nascar, Indy e American Series tem dois traçados. O mais curto só é utilizado pela Nascar, já o maior é utilizado pela Indy, e foi o mesmo utilizado pela F1, tendo 5,4 km de extensão. Fica em Nova York e é apelidado de "The Glen", um diminutivo carinhoso para a pista. A região onde fica atualmente a pista já era utilizada como circuito de terra para disputa de corridas, mas em 1956 foi construído o autódromo para a realização de corridas de mais prestígio. Nesse cenário, a F1 desembarcou em 1961 na pista e por lá permaneceu por duas  décadas. Nesse tempo, Watkins Glen viu vitórias, conquistas e alegrias, mas também viu morte, tristeza e derrotas.


Largada da Nascar em Watkins Glen, palco tradicional da Nascar.


Em 1961, na primeira prova em Watkins Glen, o então atual campeão da categoria e piloto da casa, Phil Hill, não pôde correr, pois na corrida anterior em Monza, seu companheiro de equipe, o alemão Wolfang Von Trips morreu em uma forte batida e alguns espectadores também foram vitimados. Por esse motivo, a Ferrari desistiu de correr na última corrida do ano, por conta do luto. À parte de toda essa história triste, Innes Ireland venceu pilotando a sua Lotus. Foi a única vitória de Ireland na carreira.

Innes Ireland recebendo seu troféu de vencedor do GP inaugural de Watkins Glen.

Em 1962, um dos principais nomes da pista, Jim Clark, venceu a primeira dos três triunfos que teria,também pilotando pela Lotus. Clark venceu em 62, 66 e 67, 

          Outro piloto digno de nota pela façanha de vencer três vezes consecutivas na pista é o inglês Graham Hill, pois de 63 a 65 o piloto da BRM venceu sem dar chances aos adversários.


Nem só de Mônaco viveu Graham Hill.

Em 1970 o Brasil conquistou a sua única vitória no circuito e, talvez, uma das mais bonitas da história com Emerson Fittipaldi. Na corrida anterior, o piloto JochenRindt, companheiro de equipe de Emerson, acidentou-se fatalmente durante os treinos do GP de Monza. A morte de Rindt poderia significar a perda de um provável título. Com duas corridas a menos, a Lotus precisava evitar que Jackei Ickx, da Ferrari, descontasse a diferença e fosse o campeão. Na prova decisiva, Emerson foi brilhante e venceu. Ickx, que precisava vencer para ser campeão, foi apenas o quarto. A F1, pela primeira vez na história viu um campeão póstumo, uma justiça divina a quem já tinha conquistado cinco vitórias na temporada. Quis o destino que esse título póstumo fosse no palco onde Rindt ganhou na F1 pela primeira vez no anterior, Watkins Glen.

A primeira vitória de Emerson Fittipaldi na F1.
A década de 70 se mostrou particulamente perigosa para a F1, devido ao efeito solo que se desenvolvia. O circuito de Watkins Glen já se mostrava um tanto quanto perigoso para os pilotos, mas as corridas continuaram. Em 1973, o piloto francês da Tyrrel, François Cevert, acidentou-se gravemente nos treinos na pista e acabou morrendo. Seu companheiro de equipe Jackie Stewart ficou chocado. Cevert havia ganho a prova de 1971 e Stewart a de 72, mas o peso da tragédia evitou que a equipe disputasse a corrida de 73, que foi vencida por Ronnie Peterson.


A triste imagem do acidente de Cevert no GP de 1973.

Em 1974, o piloto austríaco da Surtees, Helmuth Koiningg, sofreu na sétima volta uma quebra na suspensão e acabou batendo forte. O acidente acabou por se tornar fatal. Com apenas 25 anos o piloto cheio de pretensões teve seus sonhos abreviados e, para piorar, o acidente ressuscitava o trauma do ano anterior, com a morte de Cevert. Medidas eram necessárias para acabar com os acidentes fatais.

        Depois das tragédias, a pista sofreu alterações, ganhou uma chicane na parte dos esses e o traçado foi alargado. As corridas continuaram até 1980.A última foi vencida por Alan Jones, a prova de seu título. Com dívidas, as equipes de F1e a FIA retiraram a pista do calendário e privilegiaram, apartir daí, os circuitos de rua nos EUA (como falado no post sobre Long Beach).

O carisma da pista, a localização perto de um gigantesco centro urbano e a simpatia de pilotos fazem com que Watkins Glen seja uma pista muito querida. O próprio diretor técnico da F1, Charles Whiting em março do ano passado disse que “Watkins Glen é um maravilhoso circuito" e que a pista tem chances de voltar ao calendário da F1, ainda mais com os consecutivos fracassos de público em Austin.

O circuito, de uma história própria, não precisa da F1 para existir e sobreviver graças as outras categorias, mas, em compensação, imagine o que a F1 e a pista ganhariam com esse retorno? Quem sabe a nova F1 não passe a olhar com carinho para a história e busque pistas como Watkins Glen para retomar a sua identidade e identificação com o público.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

AUTOMOBILISMO VIRTUAL - SONHOS E COMPETIÇÃO.

Com o advento da internet, o mundo conheceu uma verdadeira revolução no modo de se relacionar entre as pessoas. O contato não precisava ser ...