NOTAS DE INTERLAGOS.

 A F1 vai deixar saudades no coração do público que esteve no autódromo José Carlos Pace, mais do que uma atuação antológica de um piloto fora de série, o público foi abrilhantado com a  história se fazendo a sua frente, a vitória de Hamilton será para sempre lembrada. E um dos capítulos mais bonitos e emocionantes da história, em particular para os brasileiros, foi ver Hamilton homenageando Senna, no Brasil, o grande herói do momento relembrou com o gesto icônico da bandeira tremulante em suas mãos após a vitória, o grande herói do passado. Lindo e emocionante.

HAMILTON MITA E IMITA SENNA NO BRASIL.

Sem delongas, vamos as notas do GP São Paulo de F1.

1o. Hamilton - 10,0

O cara fez a pole position, caiu para último, chegou em quinto na Sprint. Perdeu cinco posições no grid, largou de décimo e venceu a prova. Não fez a volta mais rápida, mas e daí? Sua atuação assombrosa foi muito, mas muito maior do que isso, assistimos um piloto transcender na categoria, a sua corrida foi digna das maiores atuações de todos os tempos de um piloto. A discussão hoje é saber se Hamilton já é ou será o maior piloto de todos os tempos.

2o. Verstappen - 9,0

Correu muito bem, foi segundo lugar na Sprint e na Corrida, foi combativo ao extremo, mas com um Hamilton inspirado e a Mercedes bem equilibrada e rápida, ficou difícil para o holandês.

3o. Bottas - 8,5

A demissão fez bem ao finlandês. Venceu a Sprint, foi bem na corrida e chegou a frente de Pérez, ajudando e muito a Mercedes na disputa pelo Mundial de Construtores.

4o. Pérez - 7,5

Não foi mal na prova, chegou a segurar Hamilton por algumas voltas, deu um troco sensacional no inglês, mas lhe faltou um pouco de velocidade.

5o. Leclerc - 8,5

Fez o que pode com a Ferrari, mostrou um ritmo muito bom a corrida inteira e fez por merecer o quinto lugar.

6o. Sainz - 8,0

Andou muito bem, talvez até pudesse atacar Leclerc se tivesse se livrado mais rápido do trânsito, mas fez uma prova muito boa.

7o. Gasly - 7,5

O francês carrega a Alpha Tauri nas costas, sempre pontua quando completa a corrida, sempre se classifica bem, mesmo enfrentando carros melhores. É um dos nomes que merecia um oportunidade de andar com um carro de ponta.

8o. Ocon - 7,0

O outro francês do grid foi discreto no início do fim de semana, contudo terminou bem.

9. Alonso - 6,0

Foi combativo, conquistou pontos importantes, mas ficou atrás do companheiro de equipe.

10o. Norris - 5,0

Apesar do ponto, o inglês decepcionou, não vem se encontrando desde a perda da corrida em Sóchi. 

HAMILTON: ATUAÇÃO ÉPICA, ANTOLÓGICA E HISTÓRICA.

 

    O GP do Brasil, esse ano chamado de GP São Paulo, é imensamente especial para os brasileiros por questões óbvias, porém, muito mais do que isso, a prova sempre proporciona grandes momentos, espetáculos memoráveis, e às vezes, dramáticos.

    Falando em drama, Lewis Hamilton, que já vinha pressionado para reagir no campeonato, sofreu um pequeno revés ao trocar componentes do carro e perder cinco posições no grid. Nos treinos, o inglês mostrou força, velocidade e fez o seu papel, contudo, no dia seguinte, após um episódio digno de novela brasileira, o piloto da Mercedes foi desclassificado e iria largar de último na corrida Sprint e teria depois de pagar as cinco posições no grid. Fim da linha para Lewis no campeonato? Sinceramente o cenário se mostrava favorável a esse pensamento, mas quando se trata de Lewis Hamilton, um dos maiores pilotos da história, o impossível só existe no dicionário.

    Max Verstappen alheio a isso, largou na frente na corrida Sprint, entretanto perdeu a posição para Bottas e não mais conseguiu recuperar a mesma, ainda assim fez mais dois pontos, aumentando a diferença para Lewis.

    Largando de último, Lewis fez de seu desafio hercúleo um espetáculo, foi se recuperando, ultrapassando quem estivesse a frente e após vinte e quatro voltas, cruzou a linha de chegada em quinto. Iria para décimo, mas com o carro que mais parece um foguete em suas mãos, reverter a tragédia já não parecia tão impossível.

    Para não ser injusto com os coadjuvantes, Pérez fechou em terceiro a corrida Sprint e Bottas se sagrou como primeiro colocado e ganha a pole position para a corrida de domingo.

Bottas faz a sua quarta pole position no ano.

    No domingo, dia de sol, poucas nuvens e temperatura amena, um cenário positivo para a Mercedes, porém Max ainda estava a frente e tinha condições de vencer.

    Na largada, Max traciona melhor, aproveita-se do lado limpo e ultrapassa Bottas. Ainda na primeira volta, Pérez ultrapassa Bottas que havia errado na curva do Sol. Mais atrás, Lewis pula para sétimo e começa a sua saga.

Verstappen logo assume a liderança na largada.

    No quarto giro Tsunoda acerta Stroll, quebra o bico de sua Alpha Tauri e os detritos ocasionam o safet car. Nesse momento Lewis já aparecia magicamente em terceiro. A corrida se reinicia na volta nove.

    Na passagem da volta quatroze, Lewis ultrapassa Pérez, contudo o mexicano dá o troco por fora de maneira espetacular. Um par de voltas depois Lewis o ultrapassa e passa a caçar Verstappen que estava somente quatro segundos na frente.

    Hamilton vai aos pits, antecipando a sua parada e consegue se aproximar de Max com essa estratégia, entretanto a diferença oscilava entre um segundo e um segundo e meio, e o piloto da Mercedes não conseguia tentar a ultrapassagem

    Na segunda rodada de pit stop, Verstappen antecipa seus trabalhos para evitar o undercut, mas quando Hamilton volta a pista, está muito mais rápido.

    Com vinte e uma voltas para o fim, Hamilton passa a atacar Verstappen, ambos chegam a escapar da pista por retardarem a freada ao limite extremo.

    Faltando dez giros para o fim não teve jeito, Lewis com muita mais ação ultrapassa Verstappen e ruma para uma vitória épica e histórica. Verstappen teve de se contentar com o segundo lugar e Bottas se recuperando fecha em terceiro.

    Mas ainda não era o fim, Lewis na volta de retorno aos boxes apanha uma bandeira do Brasil e a carrega pela pista, tal como Ayrton Senna fizera diversas vezes. Impossível quem estava assistindo, ainda mais os presentes no evento, não se emocionarem, muito homem feito deve ter ido as lágrimas nesse momento tal especial.

Hamilton conquista a torcida em definitivo em Interlagos.

    O inglês, que anos atrás, "roubou" um título do Brasil, com seu talento, seu carisma e sua admiração por um dos nossos principais ídolos, com certeza ganhou a torcida de muitos e pelo menos a simpatia dos outros.

    Dizer que a diferença de pontos está em catorze pontos é irrelevante, após uma atuação mágica e épica como essa, dizer que Lewis não está vivo para o campeonato é pouco, aliás, mentalmente e com a melhora do carro da Mercedes, pode-se dizer que o inglês está em igualdade de chances com o holandês pelo título.

    Para encerrar, uma frase motivacional que é muito utilizado por coaches assim dizia: "Não sabia que era impossível, foi lá e fez". Hoje essa frase reflete Lewis Hamilton, o melhor piloto de sua geração e talvez o melhor de todos os tempos.

    Amanhã, para coroar esse fim de semana especial, vamos dar as notas aos pilotos pelo seu desempenho na etapa.

NOTAS DO MÉXICO.

 Após uma corrida perfeita, Max Verstappen abre na liderança do campeonato mundial e de quebra, A Red Bull alcança a Mercedes na disputa pelo mundial 2021. Ainda no México, a festa foi completa para a equipe dos energéticos com o terceiro lugar de Pérez, pela primeira vez na história da categoria um mexicano faz pódio correndo no México.

A largada foi um momento decisivo da prova.

Sem delongas, vamos as notas do GP.

1º. Max Verstappen – 9,5

Não fez a pole position é verdade, mas fez uma largada incrível e soube conduzir com perfeição o carro. Piloto maduro, pronto para conquistar o mundial.

2º Lewis Hamilton – 9,0

O inglês não se rende, vai a caça de Verstappen, prova a prova, não deixa o holandês ficar confortável em nenhum instante. Mesmo que não seja campeão pela oitava vez, não se pode dizer que Hamilton também está em plena forma e que esteja morto na disputa.

3º. Sergio Pérez – 8,5

Ir bem em casa é sempre bom, faz o piloto ganhar moral, e nessa etapa em específico, Pérez foi bem, um segundo piloto de peso para a Red Bull e ajudou a equipe a renascer na disputa pelo mundial de construtores.

4º. Pierre Gasly – 8,5

O francês está muitíssimo bem nessa temporada novamente, fora os dois postulantes ao título, ele dispute com Norris o cargo de terceiro melhor piloto da categoria. Repito mais uma vez, merece e muito, uma nova chance em uma equipe grande.

5º. Charles Leclerc – 8,0

O monegasco andou muito bem nos treinos e na classificação, mas caiu um pouco de ritmo na corrida, mas ainda assim, conseguiu um belo resultado para a Ferrari, que agora está em terceiro lugar nos Construtores.

6º. Carlos Sainz Jr. – 7,5

O espanhol foi bem na prova, combativo e andou na balada do companheiro.

7o. Sebastian Vettel – 7,5

Já fazia um tempinho que o alemão não andava bem, mas nessa prova soube imprimir um bom ritmo desde o início e mereceu o resultado.

8o. Kimi Raikkonen – 8,0

Andar nos pontos com o fraco carro da Alfa Romeo é uma tarefa inglória e o finlandês conquistou um bom resultado ficando no oitavo lugar. Pode até ser essa etapa a última vez em que Kimi tenha marcado pontos, a ver.

9º. Fernando Alonso – 7,0

Conquistou dois pontinhos preciosos para a equipe e fechou a trinca dos “velhinhos” do grid que pontuaram. O espanhol ainda tem lenha para queimar, só precisa de um bom carro.

10º. Lando Norris – 6,0

Depois do GP da Rússia o inglês simplesmente sucumbiu e perdeu nitidamente desempenho. Claro que o carro da Mclaren também perdeu desempenho, mas ainda assim, Lando está devendo nas últimas corridas.  

FESTA HOLANDESA NO MÉXICO. ARRIBA MAX.

     A F1 desembarca no maravilhoso México para o GP Cidade do México, após um ano fora do calendário por conta da pandemia global. O circuito Hermanos Rodriguez, por estar na altitude, em tese tira um pouco da potência dos motores Mercedes e favorece a Red Bull, duas equipes que disputam o título esse ano, assim como seus geniais pilotos, Lewis Hamilton e Max Verstappen.

    Como dito anteriormente, a Red Bull em tese teria condições de vencer essa etapa e a próxima no Brasil, abrindo vantagem para as três etapas derradeiras, que em tese serão mais equilibradas ou favorecendo levemente a Mercedes.

    Nos treinos, a Mercedes iniciou melhor, mas a Red Bull reagiu e criou uma boa expectativa para a qualificação. Após um embate interessante, tudo se resolveria na última tentativa, as Mercedes que estavam na frente não melhoraram e a Red Bull que vinha forte acabou atrapalhada por Tsunoda, piloto da Alpha Tauri, equipe satélite da própria companhia de energéticos. Com isso, Bottas de maneira surpreendente fez a pole position, seguido por Hamilton e a Mercedes que se vingar da derrota nos EUA e reequilibrar a disputa no mundial de pilotos.

A primeira curva de Bottas foi esquecível.

    Na largada, a gigantesca reta do circuito mexicano, permite o vácuo das Red Bull que passam a atacar as Mercedes, Verstappen contorna em primeiro a primeira curva, seguido por Lewis e Bottas que seria o terceiro, acaba tocado por Ricciardo e roda, caindo para último. O australiano foi o culpado pois perdeu o ponto de freada e de quebra atrapalhou Pérez que teve de ir a grama para não colidir.

A largada espetacular de Max garantiu a vitória.

    O safety car foi acionado por conta dos detritos na pista e a corrida reiniciou na volta quatro. Daí em diante Max Verstappen imprimiu um ritmo muito forte e foi abrindo vantagem. A Mercedes de Hamilton passava a se preocupar com Pérez, logo a equipe germânica resolveu blefar no rádio e chamou o inglês mais cedo. Sem ter como fazer o undercut nos boxes, Pérez resolveu esticar ao máximo o seu pit stop.

    Após quarenta das setenta e uma voltas previstas, Pérez vai aos boxes e retorna com pneus mais novos para atacar o inglês. O mexicano, motivado pela torcida começa a caçada e reduz a diferença que chegou a ser de nove segundos para um segundo, faltando ainda dez giros para o fim da etapa.

    Hamilton com maestria soube manter a vantagem para permanecer em segundo até a linha de chegada, seguido por Pérez. A Mercedes ainda tinha uma cartinha na manga, chamou Bottas aos boxes, duas vezes, para tirar a volta mais rápida da Red Bull, na segunda e última tentativa o finlandês de aviso prévio conseguiu o feito.

    Alheio ao que acontecia atrás, Max Verstappen cruzou a linha de chegada em primeiro, conquistando a nona vitória na temporada e abrindo dezenove pontos no campeonato mundial. Max vai fazendo o dever de casa, fazendo os pontos que lhe cabem, mas não pode relaxar, o mínimo vacilo e a Mercedes e Hamilton vão se aproveitar para tentarem reverter a situação de dezenove pontos de diferença no momento.

Max no topo, guiando o fino.

    No campeonato mundial de construtores, a diferença entre as equipes é de apenas um único ponto, 478,5 pontos para a Mercedes e 477,5 pontos para a Red Bull, aliás a reação da equipe austríaca traz mais um contorno dramático para essas etapas finais. A próxima etapa será no Brasil, daqui há uma semana, com direito a corrida sprint no sábado. Caso confirme o favoritismo e vença, talvez já poderemos cravar no título de Max Verstappen.