quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Templos Sagrados do Automobilismo - JEREZ


   A belíssima região de Jerez de La Frontera na Espanha é conhecida pela exuberância do campo e dos famosos vinhedos. Jerez por muitos anos foi o local escolhido pelas equipes de Fórmula 1 fazerem testes na pré temporada, entretanto, nos últimos anos o local foi preterido por causa do circuito da Catalunya que já faz parte do calendário da categoria máxima do automobilismo como sede do Gran Prix da Espanha. 
   Mas nem por isso Jerez ficou largado, pelo contrário, várias categorias menores de Fórmula correm por lá e além disso o circuito abriga o GP da Espanha de Motovelocidade, com tantos espanhóis na categoria, como Jorge Lorenzo, Marc Marquez e Dani Pedroza, é possível presumir que a etapa é um sucesso.
   A história de Jerez todavia é ainda mais antiga, e o circuito abrigou as etapas do GP da Europa na Fórmula 1 nos anos de 1986 à 1990, 1994 e 1997. Porque GP da Europa? Oficialmente a Fórmula 1 vende a exclusividade de sua marca a um país, entretanto existem em certos momentos, países que se dispõem a a ter mais de uma etapa mas não podem colocar oficialmente o nome de seu país na outra etapa. Isso é muito comum no mundo da F1, por exemplo, Dijon Prenois que é na França foi tarjado como GP da Suíça pois a França já tinha uma etapa no calendário. Nurburgring já foi chamado de GP de Luxemburgo e também de GP da Europa apesar de pertencer a Alemanha. A própria Espanha teve o GP do Mediterrâneo no circuito de rua de Valência e ao mesmo tempo tinha a sua etapa, chamada de GP da Espanha na Catalunya. E vários outros casos poderiam ser citados.
   Mas voltando a história da F1 em Jerez, os maiores vencedores do circuito são Senna e Prost, cada um com duas vitórias. Aliás é com Senna em 1986, justo na primeira vez do circuito na categoria, que aconteceu aquela que por anos foi a chegada mais dramática e apertada da F1. Senna pela Lotus largava na pole e fica a frente na corrida até a 40a. volta quando Mansell o ultrapassa e abre. Aquela que seria uma vitória fácil do piloto da Williams vira um drama pois um pedaço de metal se agarra ao carro do inglês, danificando a aerodinâmica do carro e seus pneus. Mansell a dez voltas do fim faz seu pit stop e volta de maneira alucinada, tirando rapidamente a diferença para Prost e ultrapassando o francês. Nas últimas quatro voltas o inglês da Williams começa a caçar Senna, na metade final da última volta Mansell fica muito próximo do brasileiro e com o vácuo abre na reta final para tentar a ultrapassagem. Por apenas 0,014 centésimos de segundos o brasileiro obtém a vitória, o curioso que nenhum dos dois comemorou a vitória até o anúncio oficial.
   O vídeo abaixo mostra o fim dramático da corrida.
   

A imagem prova o quão apertada a chegada aconteceu.

   O GP de 1997 foi o último no circuito que apresentava um boa combinação de velocidade e técnica, o privilégio de ser o derradeiro vencedor coube ao finlandês Mika Hakkinen. Mas longe de ser um GP simples, essa última etapa em Jerez, que também era a última da temporada, foi marcante desde o treino qualificatório, no qual três pilotos fizeram exatamente o mesmo tempo, na ocasião o canadense da Williams Jacques Villeneuve e os alemães Michael Schumacher e Hein-Harald Frentzen cravaram 1:21,072, o regulamento na época previa que o primeiro que fazia o tempo ficaria a frente, melhor para Villeneuve que fez a pole position. A corrida teve uma polêmica gigantesca na atitude de Schumacher de tentar jogar o carro em cima de Villeneuve na volta 47 e tentar impedir a ultrapassagem do canadense. Pior para o alemão que ficou agarrado na brita e abandonou enquanto Villeneuve seguia na prova e conquistava seu único título na F1. Schumacher após a corrida foi desclassificado da temporada, tendo seus pontos retirados. Se com Hill em Adelaide o acidente deu margem a dúvidas, em Jerez o piloto foi tachado de "Dick Vigarista" e teve de conviver por muitos anos com essa alcunha de piloto desonesto. Hakkinen e Coulthard fizeram a dobradinha da Mclaren e mostravam que a escuderia inglesa seria a força a ser batida nos anos seguintes.
   
Uma imagem diz mais do que mil palavras.
   Já o vídeo mostra a sequência completa do acidente.

  Jerez com certeza propiciou aos entusiastas do automobilismo grandes e preciosos momentos marcantes. Com certeza Jerez entra nessa lista como um saudoso circuito da F1.

terça-feira, 24 de janeiro de 2017

TEMPLOS SAGRADOS DO AUTOMOBILISMO - ESTORIL

   Seguindo com a matéria Templos Sagrados do Automobilismo, vamos cruzar oceanos, ir para o Velho Mundo, mais precisamente na "terrinha". 
   Portugal nunca foi celeiro de grandes pilotos para a Fórmula 1, o maior destaque na categoria foi o piloto Thiago Vagaroso Monteiro. O piloto com nome próprio para piadas, foi responsável pelo único pódio de Portugal na categoria, no GP de Indianápolis, em muito, graças ao boicote das equipes que utilizavam pneus Michelin, essa corrida ocorreu com apenas seis carros.
   Apesar de tudo isso, Portugal esteve no cenário máximo do automobilismo por anos graças ao seu belíssimo e desafiador circuito de Estoril. O autódromo é citado por pilotos que por lá competiram como completo pois possui curvas de alta e baixa, uma longa reta, subidas e descidas, enfim para correr bem lá é preciso ser um piloto completo.
Imagem aérea do circuito de Estoril.

   O circuito famoso por abrigar corridas de carros e motos, foi palco da F1 entre os anos de 1984 e 1996. A seletiva pista portuguesa possui várias histórias interessantes a serem mencionadas, não só na F1 mas como na Moto GP por exemplo. A primeira dessas curiosidades é falar dos vários pilotos que por lá foram sagrados campeões. O austríaco Nikki Lauda, em 1984, foi Tricampeão da temporada por apenas 0,5 (meio) ponto de vantagem sobre Alain Prost, então companheiro de equipe na Mclaren. Mas Prost também sentiu o gostinho do triunfo na pista portuguesa ao ser Tetracampeão em 1993, pilotando o "carro de outro mundo" que era a Williams Renault. 
Prost comemorando seu Tetracampeonato.

 
No pódio de 1994: O vencedor Prost, o segundo colocado mas campeão do mundo Nikki Lauda e em terceiro Ayrton Senna com a modesta Toleman.

   Para os brasileiros a pista é extremamente especial, foi nesse circuito que Ayrton Senna conquistou, na Lotus, a sua primeira pole position e a sua primeira vitória na F1. Na corrida, sob uma intensa chuva e frio o piloto mostrou todo seu talento como piloto e mostrou o porque de ser chamado de "Rei da chuva". Vale ressaltar que a Lotus vinha a três anos sem vencer na categoria e Senna foi contratado especialmente pela corrida fantástica que fez em Mônaco no ano anterior. Abaixo um vídeo com a corrida na íntegra. Perceba que a larga vantagem, quase absurda que Senna obtém em relação aos outros adversários.


   Hoje, Portugal possui além de Estoril, um outro circuito em Algarve, mais moderno e muito bom, que há uns anos atrás quase entrou no calendário da F1 mas a crise econômica portuguesa faz com que nenhum dos circuitos tenha chance de entrar na categoria. Ruim para a F1, pior ainda para os portugueses. 

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

TEMPLOS SAGRADOS DO AUTOMOBILISMO - ADELAIDE


   Seguindo com a matéria Templos Sagrados do Automobilismo, hoje continuaremos no lado Oriental do planeta, pois falaremos de Adelaide, circuito de rua situado na Austrália.
   O traçado que fez parte do calendário da F1 entre os anos de 1985 até 1995, situa-se nas ruas de East Parklands e teve por diversas vezes o privilégio de encerrar as temporadas de F1. Em suas ruas de curvas fechadas mas com retas largas e compridas, a categoria máxima do automobilismo mundial teve vários momentos históricos a serem contados por toda a extensão de seus 3.780 metros.
   
Imagem da largada em Adelaide em 1994.

   Em 1986 a corrida final da temporada foi palco do embate derradeiro entre o leão Nigel Mansell e Alain Prost pelo título do ano, melhor para o francês que viu seu adversário abandonar por conta de um pneu furado.

O fatídico momento de Mansell em Adelaide

   Em 1989 a categoria presenciou a última corrida dos motores Turbo, a vitória ficou com Prost, que na época havia se sagrado campeão de maneira polêmica na corrida anterior quando se chocou com Senna na chicane em Suzuka e o brasileiro mesmo vencendo foi desclassificado.
   Em 1993 o circuito australiano foi palco da última vitória de Ayrton Senna, que viria a morrer no ano seguinte.
A última vez que Senna ergueu a bandeira do Brasil nas comemorações.

   O ponto mais alto de todas essas corridas porém ocorreu 1994, quando o então piloto sensação Michael Schumacher da Bennetton liderava a corrida e bateu, desesperado o alemão retornou a corrida e propositalmente jogou seu carro contra Damon Hill da Williams. Hill depois de abarroado ainda tentou ficar na corrida mas não conseguiu. Schumacher então de maneira extremamente polêmica conquistou seu primeiro dos sete títulos mundias que obteve na F1. O ponto mais emocionante dessa corrida foi a despedida de Nigel Mansell da F1, com direito a vitória na Austrália.

Abaixo está o vídeo com imagens do acidente entre Schumacher e Hill. Tirem as próprias conclusões com as imagens.




   Na última corrida do Circo da F1 na Austrália foi marcada pelo gravíssimo acidente do então jovem e promissor piloto finlandês Mika Hakkinen. O acidente obrigou o piloto a passar por uma grave cirurgia e quase o afastou definitivamente das pistas.
   Adelaide acabou sendo substituída por Melbourne, a corrida na Oceania deixou de encerrar a temporada para passar a abrir o ano da categoria máxima do automobilismo. Mesmo Melbourne sendo uma pista que propicia historicamente boas corridas é impossível não ter saudades das ruas de Adelaide.

domingo, 22 de janeiro de 2017

TEMPLOS SAGRADOS DO AUTOMOBILISMO - FUJI


    Depois de um ano sabático a Radio Paddock Brasil regressa tentando preencher um vazio cada vez maior no fascinante mundo do automobilismo: trazer bons comentários e boas reportagens sobre o esporte a motor. Para coroar esse retorno começaremos uma série de pequenas reportagens e curiosidades sobre os gloriosos circuitos que infelizmente não fazem parte do atual circo da Fórmula 1.
    Pare e pense em circuitos bacanas, que não fazem parte do calendário da Fórmula 1 atual, circuitos com história, bons traçados, mas que foram preteridos nessa busca incessante de Bernie Ecclestone por lucro, deixando a paixão e a história do esporte relegados a segundo plano. 
    Para citar alguns podemos podemos falar sobre Jerez de La Frontera, Imola, Paul Ricard, Magny Cours, Aintree, Oscar Gálvez, Watkins Glen, Adelaide, Nivelles, Hockenheim, Nurburgring, Brands Hatch, Zandvoort e Indianápolis. Além desses circuitos existem outros com pouca história e tradição mas que merecem destaque e no momento oportuno serão mencionados.
    A matéria começa falando de Fuji, circuito japonês situado em Shizuoka no Japão. O Fuji International Speedway leva esse nome pois se localiza bem aos pés do monte Fuji, a parte Speedway do nome se dá pois o traçado inicialmente era idealizado como um circuito oval, porém devido a falta de recursos apenas uma das curvas ficou prova e foi utilizada. 
Circuito de Fuji, ao fundo o famoso Monte Fuji.
    
Os entusiasta de automobilismo que se divertiam nos simuladores antigos que existiam nos fliperamas vão se lembrar que uma das pistas utilizadas era o de Fuji. Nas cabines onde os fãs se sentiam como Senna ou Piquet devem se lembrar que qualquer batida como o carro resultava em uma explosão.

Um dos primeiros simuladores possuia o circuito de Fuji como destaque.

    O traçado japonês porém ficou marcado em 1976 pela corrida épica em que James Hunt e Niki Lauda disputaram o título. Lauda ainda se recuperando dos ferimentos de seu trágico acidente em Nurburgring chegou ao Japão na liderança do campeonato por apenas três pontos a frente de Hunt. Niki entretanto abandonou a prova logo no início pois percebia que a corrida não apresentava boas condições de segurança devido ao temporal que caia. Hunt continuou na prova, liderou por várias voltas mas no fim seus pneus apresentaram um desgaste acentuado e teve de parar nos boxes. Tendo poucas voltas para se recuperar, Hunt em um ritmo alucinado foi ultrapassando seus adversários e conseguiu chegar em terceiro, sendo campeão do mundo por apenas um ponto a frente de Lauda, que acompanhou o restante da prova dos boxes, alheiro a tudo isso Mario Andretti venceu a prova. Detalhes dessa história estão contadas no livro Shunt de Tom Rubython e no filme Rush. Um pequeno trecho desse filme sensacional segue abaixo.

A disputa entre Lauda e Hunt virou um filme recentemente.



    O autódromo japonês saiu do calendário em 1977, mas regressou brevemente nos anos de 2007 e 2008. Restaurado e patrocinado pela Toyota (que então possuía uma equipe oficial na F1), o traçado japonês recebeu a categoria substituindo o glorioso templo de Suzuka. Mas a mudança não durou muito, pois a Toyota abandonou a categoria, e logicamente, investir na corrida não seria um bom negócio. Já a Honda, sua arqui-rival no cenário automobilístico japonês na época, patrocinava uma equipe na F1, e de quebra era detentora do circuito de Suzuka. Com certeza a Honda deve ter ficado bastante alegre com a decisão da Toyota naquela época.
    Atualmente a pista só é utilizada para categorias japonesas e para o campeonato de Endurance da FIA, mas com certeza foi um palco marcante (mesmo que brevemente) para a Fórmula 1. Poucos circuitos são responsáveis diretos para o sucesso de Games, Livros e Filmes. O circuito de Fuji foi e estará para sempre marcado como um dos mais desafiadores circuitos em que a categoria já esteve.
O circuito hoje em dia, o clima instável é marca indelével do local.

AUTOMOBILISMO VIRTUAL - SONHOS E COMPETIÇÃO.

Com o advento da internet, o mundo conheceu uma verdadeira revolução no modo de se relacionar entre as pessoas. O contato não precisava ser ...