A série Templos
Sagrados do Automobilismo ruma novamente ao velho continente, mais precisamente
à terra onde nasceram os conceitos de Liberdade, Igualdade e Fraternidade, a
França. Vários circuitos franceses foram importantes para o automobilismo: a
grandiosa La Sarthe, onde se corre a famosa 24 Horas de Le Mans, o estreito e
sinuoso traçado de rua de Pau, o lendário Rouen de Le Essarts que fazia parte
dos primórdios da F1, e outros como Dijon Prenois e Charade que também fizeram
parte da história da categoria, porém de maneira muito rápida. Mas entre os
circuitos franceses na F1 podemos destacar Paul Ricard e Magny-Cours como os
principais. Nesse post falaremos primeiramente de Paul Ricard.
O
circuito de 3.813 metros se localiza em Le Castellet, próximo a cidade de
Marselha. A pista é também chamada de Le Castellet por causa disso. O traçado é
composto por longas retas que são alternadas com curvas de média e baixa
velocidade. A F1 disputou a sua primeira corrida nesse circuito em 1971 e de
maneira intermitente esteve presente até 1990.
O
primeiro piloto a vencer pela F1 em Paul Ricard foi o lendário tri-campeão
Jackie Stewart, pilotando a Tyrrel-Ford. Stewart frustou os franceses que até o
último segundo acreditavam que François Cevert pudesse ultrapassar o
companheiro de equipe.
Na imagem está a Tyrrel azul de Stewart, um carro diferente até para o seu tempo. |
Os
franceses só comemorariam uma vitória de um piloto local em 1982 com René
Arnoux, aliás como comemorariam! Os quatro primeiros colocados eram franceses,
na ordem de chegada: Arnoux, Prost, Pironi e Tambay. Um feito jamais alcançado
na categoria novamente por nenhum país. E e quebra Arnoux era piloto da Renault, uma montadora francesa.
A primeira fila totalmente francesa nesse GP histórico. |
O
Brasil esteve representado no ponto mais alto do pódio em 1985 com o brasileiro
Nelson Piquet, a bordo de sua Brabham. Piquet apesar de ter se qualificado
apenas em quinto soube ganhar posições no braço ainda no início da etapa,
chegando à frente do pole position Keke Rosberg. A Brabham teria nesse dia a sua
última vitória na F1.
A última vitória da Brabham com Piquet ao volante. |
O
leão Nigel Mansell foi um dos destaques de Paul Ricard. O inglês venceu por dois
anos seguidos (86 e 87). Na corrida de 86, piloto da Williams-Honda disputou
acirradamente a vitória com Alain Prost, retomando do francês a liderança
apenas ao fim da prova. Em 1987, o inglês teve um embate poderoso contra Nelson
Piquet, então companheiro de equipe na Williams.
Vários
grandes nomes da F1, além dos citados acima, venceram no circuito: James Hunt,
Niki Lauda, Ronnie Peterson e Alan Jones, mas nenhum, nenhum mesmo, foi tão
dominante quanto Alan Prost com suas quatro vitórias e seus oito pódios. De
1982 até 1990 (exceto em 1984, pois não houve corrida). Prost, apelidado de
"Professor", sempre esteve nos pódios na etapa francesa. Em 1983,
1988, 1989 e 1990 o professor venceu
na pista, sendo o maior ganhador do circuito. Além de seu notório talento, o
francês soube tirar proveito do fator casa para ter esse retrospecto tão
vitorioso.
Prost, a lenda francesa sendo soberano em seu reino. |
A
etapa de 1990, apesar do desfecho favorável ao francês teve como grande
destaque o excelente rendimento da Leyton-House. Maurício Gugelmim e Ivan
Capelli com uma estratégia ousada pularam à frente de Prost e Senna. Gugelmin
acabou abandonando no fim com problemas, mas Capelli levou heroicamente seu
carro até o fim e cruzou a linha de chegada em segundo, poucos segundos à
frente de Senna que fechou o pódio. Aliás é importante dizer que Senna nunca
venceu na França, em nenhum dos circuitos que disputou.
Quase que a Leyton-House faz uma zebra histórica na despedida de Paul Ricard. |
A
F1, depois de 1990, migrou para Magny-Cours e o circuito de Paul Ricard ficou
restrito à disputa de outras categorias como Fórmula Renault, Gran Turismo,
Truck e de motovelocidade, porém os corações dos torcedores franceses sempre
estiveram vazios sem a presença desse belo circuito na F1.
Recentemente
a F1 anunciou, para o ano de 2018, o retorno de Paul Ricard ao calendário da
categoria máxima do automobilismo, o que significa também o retorno da França
na F1. Com certeza, a influência da Renault na categoria deve ter pesado nessa
decisão, mas o fato é que a F1 e a França só têm a ganhar com essa
decisão.
No link abaixo, as notícias sobre a volta de Paul Ricard (e da França) a F1.
http://grandepremio.uol.com.br/f1/noticias/de-volta-a-f1-em-2018-circuito-de-paul-ricard-define-tracado-e-espera-gp-da-franca-no-fim-de-agosto
No próximo post iremos discorrer um pouco da história de Magny Cours.
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