terça-feira, 6 de junho de 2017

TEMPLOS SAGRADOS DO AUTOMOBILISMO - PAUL RICARD

         A série Templos Sagrados do Automobilismo ruma novamente ao velho continente, mais precisamente à terra onde nasceram os conceitos de Liberdade, Igualdade e Fraternidade, a França. Vários circuitos franceses foram importantes para o automobilismo: a grandiosa La Sarthe, onde se corre a famosa 24 Horas de Le Mans, o estreito e sinuoso traçado de rua de Pau, o lendário Rouen de Le Essarts que fazia parte dos primórdios da F1, e outros como Dijon Prenois e Charade que também fizeram parte da história da categoria, porém de maneira muito rápida. Mas entre os circuitos franceses na F1 podemos destacar Paul Ricard e Magny-Cours como os principais. Nesse post falaremos primeiramente de Paul Ricard.

O circuito de 3.813 metros se localiza em Le Castellet, próximo a cidade de Marselha. A pista é também chamada de Le Castellet por causa disso. O traçado é composto por longas retas que são alternadas com curvas de média e baixa velocidade. A F1 disputou a sua primeira corrida nesse circuito em 1971 e de maneira intermitente esteve presente até 1990. 

O primeiro piloto a vencer pela F1 em Paul Ricard foi o lendário tri-campeão Jackie Stewart, pilotando a Tyrrel-Ford. Stewart frustou os franceses que até o último segundo acreditavam que François Cevert pudesse ultrapassar o companheiro de equipe.


Na imagem está a Tyrrel azul de Stewart, um carro diferente até para o seu tempo.

Os franceses só comemorariam uma vitória de um piloto local em 1982 com René Arnoux, aliás como comemorariam! Os quatro primeiros colocados eram franceses, na ordem de chegada: Arnoux, Prost, Pironi e Tambay. Um feito jamais alcançado na categoria novamente por nenhum país. E e quebra Arnoux era piloto da Renault, uma montadora francesa.


A primeira fila totalmente francesa nesse GP histórico.


O Brasil esteve representado no ponto mais alto do pódio em 1985 com o brasileiro Nelson Piquet, a bordo de sua Brabham. Piquet apesar de ter se qualificado apenas em quinto soube ganhar posições no braço ainda no início da etapa, chegando à frente do pole position Keke Rosberg. A Brabham teria nesse dia a sua última vitória na F1.

A última vitória da Brabham com Piquet ao volante.

          O leão Nigel Mansell foi um dos destaques de Paul Ricard. O inglês venceu por dois anos seguidos (86 e 87). Na corrida de 86, piloto da Williams-Honda disputou acirradamente a vitória com Alain Prost, retomando do francês a liderança apenas ao fim da prova. Em 1987, o inglês teve um embate poderoso contra Nelson Piquet, então companheiro de equipe na Williams. 

Vários grandes nomes da F1, além dos citados acima, venceram no circuito: James Hunt, Niki Lauda, Ronnie Peterson e Alan Jones, mas nenhum, nenhum mesmo, foi tão dominante quanto Alan Prost com suas quatro vitórias e seus oito pódios. De 1982 até 1990 (exceto em 1984, pois não houve corrida). Prost, apelidado de "Professor", sempre esteve nos pódios na etapa francesa. Em 1983, 1988, 1989 e 1990 o professor venceu na pista, sendo o maior ganhador do circuito. Além de seu notório talento, o francês soube tirar proveito do fator casa para ter esse retrospecto tão vitorioso. 


Prost, a lenda francesa sendo soberano em seu reino.

A etapa de 1990, apesar do desfecho favorável ao francês teve como grande destaque o excelente rendimento da Leyton-House. Maurício Gugelmim e Ivan Capelli com uma estratégia ousada pularam à frente de Prost e Senna. Gugelmin acabou abandonando no fim com problemas, mas Capelli levou heroicamente seu carro até o fim e cruzou a linha de chegada em segundo, poucos segundos à frente de Senna que fechou o pódio. Aliás é importante dizer que Senna nunca venceu na França, em nenhum dos circuitos que disputou.  

Quase que a Leyton-House faz uma zebra histórica na despedida de Paul Ricard.


A F1, depois de 1990, migrou para Magny-Cours e o circuito de Paul Ricard ficou restrito à disputa de outras categorias como Fórmula Renault, Gran Turismo, Truck e de motovelocidade, porém os corações dos torcedores franceses sempre estiveram vazios sem a presença desse belo circuito na F1.

Recentemente a F1 anunciou, para o ano de 2018, o retorno de Paul Ricard ao calendário da categoria máxima do automobilismo, o que significa também o retorno da França na F1. Com certeza, a influência da Renault na categoria deve ter pesado nessa decisão, mas o fato é que a F1 e a França só têm a ganhar com essa decisão. 


No link abaixo, as notícias sobre a volta de Paul Ricard (e da França) a F1.

http://grandepremio.uol.com.br/f1/noticias/de-volta-a-f1-em-2018-circuito-de-paul-ricard-define-tracado-e-espera-gp-da-franca-no-fim-de-agosto

           No próximo post iremos discorrer um pouco da história de Magny Cours.

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