quinta-feira, 18 de março de 2021

LAGUNA SECA

            O circuito de Laguna Seca é um dos palcos mais tradicionais dos EUA e aparece hoje na série Templos Sagrados do Automobilismo. A pista se localiza na rodovia Monterey - Salinas na Califórnia.

Inaugurado em 1957, o traçado além de sinuoso, conta com uma largura de asfalto relativamente estreita, acrescido por areia em volta, complicando a vida do piloto, quando sai da pista. Além disso, a areia, devido às rajadas de ventos, acabam por sujar o asfalto, deixando-o sempre com pouca aderência.

As subidas e descidas do traçado o tornam marcante, assim como a espetacular Corkscrew, aqui no Brasil conhecida como o “Saca Rolhas”. Essa descida em “S” é um ponto realmente desafiador, seja feito por carros GT ou Fórmula e possui uma história bem própria.

Na história dessa curva, reservo dois momentos marcantes: um bom e outro trágico. Em 1999, a joia uruguaia, Gonzalo Rodrigues, apelidado de Ayrton Senna do Uruguai, durante os treinos livres da manhã da Fórmula Indy, acaba batendo na entrada da curva com o seu carro da Penske, morrendo na hora. O travamento do acelerador teria sido depois constatado como a causa da fatalidade.

Imagem do carro batido de Gonzales.


Já de maneira positiva, em 1996, uma disputa espetacular entre o italiano Alessandro Zanardi, pilotando o carro da Ganassi e o americano Bryan Herta da equipe Rahal, também marcou a história dessa curva, onde a ultrapassagem entrou para os anais do automobilismo mundial. O italiano, na última volta de prova, conseguiu se colocar por dentro na primeira perna, mas por ter retardado demais a freada acabou atravessando e foi para a parte interna da segunda perna.  Mesmo estando na parte suja, Zanardi conseguiu superar Herta, se defendendo da tentativa de retomada da posição e ganhou a corrida de maneira fantástica. Mais atrás, seu companheiro de equipe, Jimmy Vasser se sagraria campeão daquela temporada. 

Zanardi fazendo uma das mais sensacionais ultrapassagens da história.



Nenhuma categoria, como se pode observar pelos relatos dos momentos acima, se relacionou tanto com Laguna Seca quanto a Indy, incluindo o seu passado Champ Car/ CART. Bobby Rahal venceu quatro vezes no circuito pela Indy, sendo o maior campeão, além de ter um triunfo pela Can-Am.  Não por acaso, foi homenageado com o seu nome à reta que antecede a famosa Corkscrew.

A história do Brasil na Indy teve os seus bons momentos no lendário circuito. A primeira vitória de Gil de Ferran veio justamente em Laguna Seca, pilotando pela modesta equipe Jim Hall Racing, superando Jacques Villeneuve, que se sagraria campeão nessa etapa. 


De Ferran (carro amarelo) perseguindo Jacques Villeneuve (carro azul).

Outros dois lindos momentos do Brasil nessa pista ocorreram em 2000 e 2002, por coincidência duas dobradinhas. Pela Penske em 2000, os pilotos da equipe Hélio Castroneves e Gil de Ferran fizeram a festa, terminando nos lugares mais altos do pódio. Nessa vitória, a Penske e seus pilotos, dedicaram ao falecido Gonzalo Rodrigues, que perdera a vida ali, um ano antes.

            Em 2002, pela equipe Newman-Haas, foi a vez dos brasileiros e companheiros de equipe, Cristiano da Matta e Cristian Fittipaldi terminarem nas primeiras posições.  

Cristiano da Matta e seu belo carro negro da Newman-Haas liderando o pelotão.


Em 2019 a Indy retorna para a tradicional etapa, que foi vencida por Colton Herta, a jovem promessa da categoria e filho de Bryan Herta. Nessa etapa, Joseph Newgarden da Penske sagrou-se bicampeão da categoria. Em 2020, em virtude da pandemia do Corona vírus, a prova foi cancelada.

Um traçado desafiador, com grande variação no relevo, em uma região desolada, quente, sem nenhum ponto de ultrapassagem seguro, muita margem para erros e corridas longas marcam e muito a dificuldade dos pilotos para triunfarem nesse circuito, em especial com os bólidos da Indy. O afastamento de anos da pista no calendário da Indy (2204-2019) e seu recente retorno só mostram o erro gerado pela direção da categoria, pois esse palco é especial demais e inigualável no automobilismo mundial.

Quebrando a impessoalidade da terceira pessoa no texto, gostaria de finalizar demonstrando a minha própria relação com Laguna Seca. Na minha primeira etapa da ZGT, categoria 17, conquistei na terceira etapa da temporada, em Laguna Seca, a minha primeira vitória, de Lexus da equipe HP. 

Foto do carro da minha primeira vitória no AV pela LIGA ZGT.

 Convém ressaltar que, a título de curiosidade, seus 3.602 metros além de servirem como palco tradicional do automobilismo americano, já foram utilizados para outro fim nobre: uma missa celebrada pelo (então) papa João Paulo II, em 1957. Mais de cinquenta mil pessoas compareceram ao evento.

Laguna Seca por todos os motivos já mencionados no texto, apesar de nunca ter sido parte da principal da categoria do mundo da velocidade, a F1, merece, e muito, ser chamada de “Templo Sagrado do Automobilismo”.

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