quarta-feira, 21 de março de 2018

TEMPLOS SAGRADOS DO AUTOMOBILISMO - AINTREE


O circuito britânico de Aintree localiza-se em Merseyside próximo a Liverpoool, possuía 4.830 metros. Isso mesmo, possuía, pois o circuito de corridas está extinto, e no local hoje existe apenas um hipódromo, no qual disputa-se etapas de corridas de cavalos com obstáculos e jogos de turfe.

Mas nem sempre foi assim. Em meados da década de 1950 e início dos 1960, Aintree abrigou etapas da F1, algumas vezes como sede do GP da Inglaterra outras como o GP da Europa, alternando com Silverstone as etapas. O traçado em si era estreito com algumas elevações mas se mostrava um bom desafio aos pilotos. Prova cabal disso é que na estréia do circuito na F1, mais de 150 mil pessoas foram prestigiar o evento. 

A primeira corrida em 1955 conspirou para a alegria dos ingleses. O piloto local Stirling Moss (que viria a ser quatro vezes vice-campeão da F1), pilotando a sua Mercedes, conquistou a sua primeira vitória na categoria. O triunfo foi conquistado em cima do já multi-campeão e companheiro de equipe Juan Manuel Fangio, por uma distância inferior a três décimos de segundo. A festa inglesa que contou com os já citados 150 mil espectadores foi emocionante, mostrando que em certos momentos a frieza britânica é capaz de ceder as emoções. 

As flechas de prata de Stirling Moss e Fangio dominando a corrida.


Em 1957, a corrida teve um resultado raro, Stirling Moss e Tony Brooks, dividiram o seu Vanwall e venceram a corrida. O triunfo dessa vez foi ainda mais inglês pois a Vanwall era uma equipe britânica e conquistava também o seu primeiro no Mundial de Construtores. Essa corrida foi a terceira e última vez em que pilotos puderam compartilhar seus carros. Essa prática era comum quando o melhor piloto da equipe tinha problemas e abandonava, dessa maneira se compartilhava o carro e os pilotos dividiam os pontos.

Moss e Brooks, vencer era algo sujo e suado (literalmente).


Em 1959, apesar do vencedor não ser inglês, ele falava inglês naturalmente, Jack Brabham com o seu Cooper, triunfava em Aintree. Em segundo lugar com a BRM, Stirling Moss, que havia vencido as duas outras corridas no circuito. E fechando o pódio o outro Cooper, com Bruce Mclaren.

Jack Brabham isolado na liderança.


Em 1961 foi a vez da mais tradicional equipe da F1 conquistar a vitória em Aintree, foi a vez da Scuderia Ferrari com o piloto alemão Wolfang Von Trips ter esse privilégio. Essa corrida foi marcada por chuvas torrenciais nos treinos classificatórios. Com molhada na corrida, Von Trips, que largou em quarto, dominou a corrida completamente, assim como os seus companheiros de equipe Phil Hill e Richie Ginther. O domínio vermelho tirou o sonho dos outros pilotos de subirem ao pódio.


Imagem remasterizada de Von Trips em Aintree no ano de 1961.


Em 1962, a última corrida em Aintree ocorre, a pista perderia o seu privilégio para a recém inaugurada Brands Hatch. A despedida no entanto foi bonita, com um toque do destino, o escocês (que corria com a bandeira da Grã-Bretanha) Jim Clark, pilotando a sua célebre Lotus número 20 conquista a vitória, tendo no pódio a Lola de John Surtees (outro britânico) e Bruce Mclaren em terceiro com a sua Cooper. Não se pode dizer no entanto que foi uma corrida emocionante, Clark dominou do início ao fim, abrindo larga vantagem para os adversários, prova disso é que terminou a mais de quarenta e nove segundos a frente do segundo colocado.

Jim Clark liderando o pelotão na última corrida em Aintree.


Apesar de não mais existir, Aintree tem um lugar especial na história da F1, fez parte dos primórdios da categoria e teve pilotos e carros lendários passando por suas retas e curvas. 

No próximo post, uma passagem rápida pelo circuito que sediou por apenas um ano a F1, mas que é detentor de uma das corridas mais espetaculares e inesquecíveis da categoria. Uma dica: também fica na Inglaterra.

Até a próxima.

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