sábado, 11 de fevereiro de 2017

TEMPLOS SAGRADOS DO AUTOMOBILISMO - BRICKYARD



     Se existe um lugar em que a Fórmula 1 teve presença marcante mas que a própria categoria não soube aproveitar de seu prestígio e importância foi nos EUA. Nos primórdios da F1, a prova americana no oval de Brickyard (Indianápolis para nós brasileiros) era um evento aparte do calendário, com carros e pilotos próprios do certame norte-americano. Alguns poucos europeus se aventuraram a tentarem a façanha de vencer no oval superspeedway americano como Jack Brabham, Alberto Ascari e até mesmo Juan Manuel Fangio, mas só um alcançaram a glória correndo paralelamente a F1 e a Indy 500: Jim Clark pela Lotus em 1965.
   
     Outros pilotos da F1 venceram na principal prova do certame   americano, como Graham Hill em 1966 pela equipe americana Mecom Racing. Aliás vale citar que Graham Hill (pai do campeão Damon Hill), é o único piloto da história do automobilismo a vencer a F1, a Indy 500 e as 24 Horas de Le Mans. Não é para qualquer um. Outros obtiveram o êxito de vencerem na F1 e na Indy em tempos distintos como Mario Andretti, Emerson Fittipaldi e Jaques Villeneuve.
     
Na sua segunda tentativa, Jim Clark vence a Indy 500 em 1965.

     O nome Brickyard significa traduzindo livremente "jardim de tijolos", o circuito americano possuía na reta ao invés de asfalto os famosos tijolos. Hoje em dia apenas a faixa de largada\chegada possui uma pequena faixa de tijolos para simbolizar essa tradição. Os carros quado passam por ali fazem um som diferente, mas que remete a tradição do circuito histórico de mais de 107 anos de idade. 

     Mesmo não sendo o palco americano com o maior número de corridas na F1, com certeza Indianápolis é o mais importante. e no ano 2000 a categoria máxima do automobilismo desembarcava em solo americano para correr em um traçado misto, mas aproveitando a curva 1 do oval (mesmo que no sentido contrário). Mais de 225 mil pessoas foram ao templo sagrado da velocidade para aproveitarem o momento histórico desse encontro. Como se o destino tivesse planejado minuciosamente o roteiro da corrida, Michael Schumacher venceu a corrida, ao lado de seu companheiro de equipe Rubens Barrichello. Schumacher continuava a arrancada para seu título e o início da chamada Era Schumacher na F1.

A primeira vitória de Schumacher nos EUA.


     Já em 2001, poucos dias após o trágico 11 de setembro, a F1, sem muito clima de festa, desembarca nos EUA, prestando inúmeras homenagens aos mortos do atentado terrorista. Nesse ano o finlandês Mika Hakkinen conquistou a vitória.

Carro da Ferrari de simbolizando o luto pela tragédia.

     Em 2002, Rubinho obteve seu triunfo no traçado americano, ganhando por milésimos de segundos a frente de Michael Schumacher, a prova foi marcada pela dúvida se Rubens deixaria ou não seu companheiro de equipe passar. Naquele dia, ainda bem, não houve ordem de equipe.

Imagem da TV após a vitória de Barrichello, ao seu lado Schumacher.


     Nos anos de 2003, 2004 e 2005 o vencedor foi Michael Schumacher, mas essa última vitória teve um gosto diferente, pois foi o ano que marcou negativamente a F1 na América. No treino classificatório de 2005, Jarno Trulli, correndo pela Toyota fez uma pole position surpreendente porém o piloto italiano não pode gozar do prestígio. Na sexta-feira, 17 de junho, durante a sessão livre da tarde, o alemão Ralf Schumacher, piloto da Toyota, bateu fortemente no muro da curva 13 do circuito, aparentemente como resultado de uma falha no pneu traseiro esquerdo. Ele não pôde competir, e foi substituído pelo brasileiro Ricardo Zonta, piloto de testes da Toyota, para o resto do fim de semana. Ralf já havia tido uma colisão forte na curva 13 no ano anterior, ainda pilotando pela equipe Williams. A curva 13 é a única curva inclinada na Fórmula 1 percorrida em velocidade máxima, o que causa uma pressão dos pneus maior do que o habitual. No dia seguinte, a Michelin informou que não entendia por que os pneus que tinha selecionado para as sete equipes clientes, BAR, Mclaren, Red Bull, Renault, Toyota, Sauber e Williams, apresentavam falhas nesta curva, e anunciou a intenção de pedir novos conjuntos de pneus à sede. Infelizmente, os pneus solicitados para a substituição, eram do mesmo tipo do utilizado no GP da Espanha no início do ano, que apresentou o mesmo problema, quando testado. 

     Após inúmeras tentativas de acordo entre as equipes, a Michelin e A organização do GP para criarem um chicane ou de invalidarem para o campeonato a etapa, a Ferrari que possuía pneus Bridgestone, bateu o pé e não selou o acordo, apoiada discretamente pela Jordan. A Minardi que também possui pneus Bridgestone aceitou as condições e tentou na figura de seu dono Paul Stoddart fechar um acordo, mas sem sucesso. No domingo, após a volta de apresentação os pilotos das equipes com Michelin abandonaram para os boxes e a corrida seguiu com apenas 6 carros. Schumacher venceu, seguido por Barrichello e pelo português Thiago Monteiro. O incidente foi chamado de Indygate e colocou a permanência da F1 nos EUA em perigo.


O patético e controverso grid do GP dos EUA de 2005.

     Em 2006 e 2007 a F1 voltou ao traçado americano mas sem o apelo de público dos anos anteriores e depois disso a categoria só voltaria a voltar ao solo norte-americano em 2012 no Circuito das Américas em Austin. O último vencedor da prova de F1 em Indianápolis foi Lewis Hamilton em 2007.

     A F1 hoje tem nos EUA uma etapa de seu campeonato mundial, mas com certeza a categoria merecia um palco mais bonito e histórico para comportar essa etapa americana. Com certeza absoluta Indianápolis seria um palco muito mais apropriado para ter esse encontro da velocidade.

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