terça-feira, 29 de abril de 2014

Viena


O LENDÁRIO TRIUNFO EM INTERLAGOS.


Há 20 anos atrás o Brasil perdia um piloto de F1, vitíma de um acidente brutal na famigerada Curva Tamburello. Um piloto espetacular é verdade, de raro talento, mas ainda assim um piloto apenas.
Mas como então, esse simples homem do esporte parece ter transcendido de piloto para mito? De que maneira a morte desse "cara" é tão sentida por alguns como a morte de um irmão, um primo ou um amigo chegado? Talvez as respostas não se encontrem nas pistas mas fora dela, como esse rapaz agia e interagia no seu dia a dia e como o Brasil se encontrava paralelamente a sua história.
Ayrton Senna da Silva, brasileiro, divorciado (sim ele era), de raro talento, teve de sofrer para conquistar o que conquistou. Senna foi um símbolo de como uma nação podia ser "gigante pela própria natureza". O país se libertava de uma ditadura militar, paralelamente o principal esporte do país vivia um crise por conta de seguintes fracassos em Copas do Mundo. No mundo da velocidade Piquet se destacava, contudo ele não cativava o público em geral, não era simpático e até era frio em relação as pessoas. Senna desponta nesse vácuo, o garoto que se mete no meio de gigantes e começa a derrotar a todos, munido de inteligência, destreza, talento e obstinação, esse último elemento essencial para o sucesso dos grandes homens.
Senna era a face do Brasil, do país que renascia, à pátria capaz de crescer e se destacar no meio das grandes potências mundiais. Senna perseverou, mesmo nos momentos de adversidade. No início de carreira, quando ele sabia com certeza que era o melhor do mundo mas não tinha um carro a sua altura ele não esmoreceu e foi atrás daquilo que considerava ser o melhor para si, da mesma forma o país buscava as Diretas Já e a liberdade de conquistar o direito ao voto.
Senna quando teve a oportunidade em uma grande equipe mostrou que o investimento nele valia a pena, logo na primeira temporada o garoto paulista derrotava um francês arrogante, cheio de si, confiante e claro talentoso ao extremo. No ano seguinte o brasileiro enfrentava de peito aberto as adversidades e lutava em igualdade com o francês apelidado de Professor, Senna triunfou mas acabou sendo desclassificado injustamente por conta de um corte da chincane, sendo que ele foi obrigado por conta da batida a ir para fora da pista. Piquet, que não era seu maior entusiasta ainda assim o defendeu por causa da injustiça, Ron Dennis patrão de ambos os envolvidos o defendeu mas o Professor era amigo daqueles que detinham o poder e levou o título na mão grande. O Brasil escolhia seu presidente e depositava suas esperanças em Collor porém, quando esse violou seu sagrado juramento e faltou com a honra à seu país, a multidão foi as ruas e clamou por justiça tal qual os amigos de Senna fizeram por ele. 
Em 1990 Senna mostrou que não era homem de apanhar e ficar quieto, mesmo quando roubado novamente, o piloto agiu friamente e se vingou, mostrou ao mundo a garra dos brasileiros e que eles nunca mais se calariam (será?) ante as mazelas e as injustiças. Senna deliberadamente se lançou contra Prost e tirou ambos da pista.Era um anúncio que nunca mais se curvaria para ninguém.
Senna foi tricampeão em 1991 e viveu seu auge, sofreu um revés nas temporadas seguintes por conta de uma Mclaren fraca, porém conquistou vitórias lendárias (Donington Park, Mônaco, Interlagos), assim como seu país se mostrou capaz de crescer mesmo diante de um momento político conturbado.
Em 1994 Senna realiza seu sonho, sua obstinação o leva para a Williams em busca de retomar o caminho dos títulos, no Brasil de FHC o Plano Real entra em vigor, infelizmente para Senna em uma corrida totalmente incapaz de preservar a segurança de seus atletas, o piloto, a lenda, o mito conhece seu trágico fim, ao vivo o país testemunha o fim de uma era, a morte de seu campeão. Senna saia da vida e entrava para a história. O país, sofre, chora, se ressente mas ainda assim comemora um período de prosperidade longevo a partir dali, o Plano Real assim como o legado de Senna perdura nessa viena de maneira sólida. 
O homem que ajudava os carentes falecia mas em seu último ato heróico ele deixa o seu Instituto para ajudar essa nação, mesmo que ele não estivesse aqui fisicamente, seu legado permaneceria ajudando o próximo, a quem realmente necessitasse. Como tributo a essa lenda, a seleção brasileira de futebol reconquista o título mundial após 24 anos e dedica a ele.
Talvez essa proximidade entre Senna e o brasileiro se relacione pela maneira que nós projetavamos nele tudo aquilo que aspiravamos ser, evidente que a super exposição de Senna na tv contribuiu e muito para isso além é claro de sua morte dramática ao vivo mas se ele não fosse quem fosse, se não agisse como agiu, esse sucesso e cumplicidade com o brasileiro nunca teria acontecido.

Filho, Irmão, Tio, Piloto, Campeão, Herói, Símbolo, Mito, Eterno e acima de tudo brasileiro, há uma viena atrás infelizmente, morria Ayrton Senna da Silva, BRASILEIRO DA SILVA. 



SENNA CARREGANDO A BANDEIRA BRASILEIRA APÓS MAIS UMA VITÓRIA.



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